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Vida e obra de Franz Kafka são tema dos Seminários
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
16/09/2005 | 09:23
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Tempos sombrios nos Seminários Avançados sobre a Modernidade – Literatura e Filosofia do Século XX. No próximo sábado (dia 17), a série de palestras ministradas pelo professor e escritor Ricardo Lísias ingressa em sua quinta semana para descobrir a obra de Franz Kafka (1883-1924), autor tcheco de O Processo (1925) e A Metamorfose (1915). O escritor da contramão, o artista que significa sozinho o anúncio da "crise da modernidade" – nas palavras de Lísias – antes mesmo de ela se consagrar ou se estabelecer, é o tema central do Seminário número cinco, a partir das 15h de sábado na Casa da Palavra, em Santo André. A entrada é franca.

O detector de falhas de Kafka são suas letras, os romances inacabados como O Processo e a famosíssima novela A Metamorfose, "o maior feito da ficção na literatura ocidental", conforme o escritor búlgaro Elias Canetti (1905-1994). A propósito, Canetti é um dos filtros que Lísias adotará para conduzir a leitura e o debate sobre a obra kafkiana. "Veremos algumas interpretações famosas de seus livros, como a de Walter Benjamim e a de (Theodor) Adorno. Tanto um como outro captaram essa possibilidade de tragédia, perceberam os sintomas do fracasso do projeto de modernidade nas obras do Kafka", afirma Lísias.

Eis a peculiaridade tão singular no criador de Gregor Samsa, o homem tornado inseto em A Metamorfose: regularmente chamada de distopia (o reverso da utopia), é a capacidade de destruição do homem, de digestão de si pelas instituições por ele criadas e valorizadas, tanto faz se patrões, juízes ou familiares. Instituições que, levadas ao cúmulo, expressam-se segundo formas totalitárias. E o herói kafkiano representa a via sem saída, uma turnê pessimista do homem comum perdido entre conjecturas, invenções tecnológicas e trovoadas de poder, das quais participa como platéia, nunca como ator. "Kafka notou o fim da modernidade quando ela ainda estava no auge e só foi descoberto anos depois, porque suas hipóteses acabaram se confirmando. Infelizmente, ele se saiu muito bem ao perceber o destino do século XX", conclui Lísias.

Os Seminários Avançados sobre a Modernidade – Literatura e Filosofia do Século XX são uma iniciativa conjunta da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Santo André, da Escola Livre de Literatura, da Casa da Palavra e da Fundação Santo André, com apoio do Diário. Os textos de orientação dos seminários (veja abaixo o texto sobre Kafka), publicados às terças-feiras no jornal impresso, permanecem disponíveis ao longo da semana no site do Diário.

Seminários Avançados sobre a Modernidade – Literatura e Filosofia do Século XX – Série de seminários; sábado (17), às 15h. Na Casa da Palavra – praça do Carmo, 171, Santo André. Tel.: 4992-7218. Aos sábados, das 15h às 18h. Entrada franca. Até 10 de dezembro.




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