Economia Titulo
População de baixa renda toma frente no consumo
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
20/04/2010 | 07:00
Compartilhar notícia


Antes vista como apenas parte do segmento de mercado, as classes C, D e E, formadas pela população que ganha de dois até nove salários-mínimos, tomou a dianteira no mercado e devem movimentar neste ano R$ 833 bilhões, contra R$ 545,6 bilhões das faixas A e B.

Pesquisa feita pelo instituto Data Popular mostra que milhões de novos consumidores chegam ao mercado neste ano graças ao fortalecimento da economia. Segundo sócio-diretor do instituto, Renato Meirelles, o crescimento do crédito para essa faixa, o aumento real dos rendimentos e programas governamentais foram fundamentais para a mudança no cenário econômico.

"Hoje, 69% dos cartões de crédito estão nessas faixas; mais do que na classe A. Além disso, o aumento do salário-mínimo de R$ 464 para R$ 510 colocou R$ 26,7 bilhões no mercado. O Bolsa Família, sozinho, contribuiu com R$ 13 bilhões. E o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, aumentou o número de empregos formais. Os profissionais dessas faixas acabam usufruindo do boom da construção civil. E isso movimenta a economia como um todo."

Para o diretor do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Francisco Funcia, o panorama mostra que o País tem conseguido diminuir a desigualdade social e, com isso, fortalecer a economia interna.

"A recomposição do poder de compra é uma das principais conquistas dos últimos anos. Houve crescimento real da economia, que determinou a inserção no mercado de consumo de quem estava excluído. Isso foi fundamental para recuperação do mercado interno e também para a recuperação rápida após a crise", diz.

A diretora de pesquisas da USCS, Maria do Carmo Romeiro, afirma que na região, as classes C, D e E representam 49,8% da população (ver arte ao lado).

Segundo a professora, o maior poder de fogo desses grupos no mercado varejista deve-se, principalmente, pelo fato de as faixas A e B já terem acesso aos produtos que ainda são sonho das demais.

"Não há inversão de desejos, mas as classes A e B estão abastecidas e reduzem o volume de gastos que essas outras faixas ainda têm", pontua.

MUDANÇA - Com a chegada dos novos consumidores, o presidente do Data Popular afirma que empresários mudaram a visão de vendas. "Nos primeiros anos do plano real, as pessoas se negavam a enxergar o consumo popular, o mercado de baixa renda. De 1998 até a crise eles olhavam com mais atenção. Depois, a visão mudou: o mercado de baixa renda é o melhor, é o grosso do nosso mercado. O mercado de luxo, é, hoje, apenas um segmento", destaca.

O professor do núcleo de comportamento do consumidor da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Paulo Carramenha, atesta que com a mudança do consumidor, empresários já investem nesse novo cliente.

"A entrada desse público no mercado consumidor e o vislumbre dele como principal cliente já é realidade. Podemos esperar crescimento cada vez maior desse segmento. E eles estão muito mais certos do que querem. Chegam querendo tipos de produtos que não tinham no passado e exigem maior atendimento das empresas e elaboração de produtos específicos", afirma.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;