Todos sabem da tragédia, mas ninguém consegue ou tenta impedí-la. Qual é a responsabilidade de cada pessoa sobre o seu entorno? Este questionamento permeia o espetáculo 'Santiago Morto', que estreia hoje no Sesc Consolação, em São Paulo.

Segundo o diretor Wallyson Mota, é possível traçar paralelo com a realidade. "Em nossas vidas, principalmente nas metrópoles, conseguimos antever situações, mas nos omitimos", conta Mota, que assina a direção em parceria com Fernanda Bellinati. A peça sugere motivos para a omissão. Um deles é a falta de tempo.

Inspirada em 'Crônicas de Uma Morte Anunciada' (1981), do escritor colombiano Gabriel García Márquez, a montagem que tem dramaturgia de Liana Ferraz narra a história de Santiago Nasar que, acusado de desonrar Ângela Vicário, é ameaçado pelos irmãos da jovem.

A história de Santiago Morto não se restringe à morte de um homem, revelada logo no início da narrativa não-linear, mas reflete sobre a transformação de um povoado a partir de uma fatalidade. Na trama, as atitudes podem ser guiadas tanto pela consciência quanto pelo acaso. "Na peça, nós brincamos com o tempo. Ao fim, todo o mosaico é montado na frente do público", conta.

Para Mota, Gabriel García Márquez é o maior expoente da literatura latino-americana. "Ele traduz a alma, trabalha os arquétipos com poesia. Ele tem uma linguagem que se aproxima ora da narrativa jornalística, ora da poética", explica o diretor. CF51Santiago Morto/CF é encenado pelo Grupo Estação Teatro, nascido na Universidade Estadual de Campinas.

Santiago Morto - Teatro. No Sesc Consolação - Rua Dr. Vila Nova, 245, São Paulo. Tel.: 3234-3000. 2ª, às 21h. Ingr.: R$ 2,50 a R$ 10. Até dia 12.