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Enfermeira queima bebê em hospital
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
08/09/2006 | 21:42
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Um erro crasso levou um recém-nascido à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Mauá. Uma das enfermeiras que estava de plantão no hospital se esqueceu de medir a temperatura da água e Rafaela sofreu queimaduras de segundo grau durante o seu primeiro banho. Segundo os pais da criança, desde segunda-feira, do parto, o bebê é mantido à base de sedativos. A menina tem dificuldades para urinar e, até poucos dias, se recusava a mamar.

Os pais estão indignados com o acidente. Garantem que vão levar o caso à polícia e processar o hospital por danos morais. “Minha filha nasceu saudável, de parto natural. Hoje ela está tomando um monte de remédios que eu nem sei o nome. Isso não faz bem nem para a gente, imagina para um bebê. Sem falar nas queimaduras, coitadinha. E se ela precisar de tratamento mais tarde? Quem vai arcar com isso? O que eu quero é que o hospital assine um documento se responsabilizando pelo que aconteceu e que se comprometa a nos ajudar no que for necessário”, afirmou o cobrador de ônibus Roger José da Silva, 24 anos, pai de Rafaela.

A Santa Casa de Mauá é um hospital privado que atende tanto segurados de convênios médicos (como é o caso de Rafaela) quanto da rede pública, por meio de um convênio firmado junto ao SUS (Sistema Único de Saúde) através da Secretaria Municipal de Saúde de Mauá. Segundo o pai, no princípio, o hospital tentou amenizar o acidente. Por volta das 10h de segunda-feira, sete horas após o parto, Roger recebeu uma ligação. Uma funcionária pediu que ele fosse até o hospital para uma conversa. Chegando lá, uma médica disse que havia ocorrido um “pequeno probleminha” com o bebê. Ela falou das queimaduras, mas disse que não haveria problemas, que a criança receberia alta nas próximas 72 horas.

“Para nos acalmar, essa mulher falou que a enfermeira que havia queimado minha filha já tinha sido demitida por justa causa, mas que se quiséssemos ela poderia mandar alguém buscá-la em casa para que pudéssemos brigar com ela, xingá-la. Olha o absurdo! Falamos que não precisava, é claro.”

Desde então, a menina é mantida em uma sala reservada na UTI neo-natal. Sobre o berço, foi instalado um climatizador. Apenas os pais e os avós têm acesso ao local. Os demais familiares só poderão visitar Rafaela quando ela se recuperar. As queimaduras, que atingiram a derme do bebê, a segunda camada mais profunda da pele, estão sendo tratadas com pomada. Para protegê-las, gase. As lesões estão concentradas na barriga, virilha e coxa da recém-nascida. Para que ela pudesse urinar sem dor, o pai disse que os médicos tiveram que lhe dar sedativos.

Segundo os pais da criança apuraram junto a outros funcionários do hospital, a enfermeira que causou o acidente estaria sobrecarregada com o excesso de afazeres no hospital e não tomou os cuidados necessários para banhar a criança. Segundo o Instituto Pró-Queimados, o ideal seria temperar a água quente com água fria e avaliar a temperatura no dorso da mão antes de molhar a criança.

A internação do bebê, antes prevista para terminar na quinta-feira passada, se estenderá por tempo indeterminado. De acordo com o pai, a diretoria do hospital se comprometeu, verbalmente, em arcar com todo o tratamento da menina.

“Só que agora eles evitam o assunto. Já pedi para escreverem isso no papel, mas até agora nada. Não posso esperar. Minha vida parou. Vou todos os dias no hospital. Só fico pensando em como minha filha está”, afirmou.

Sua mulher recebeu alta na terça-feira, um dia depois do parto, mas se recusa a deixar a Santa Casa enquanto a filha permanecer em tratamento. Enquanto estiver na UTI, somente os pais e os avós poderão visitar a criança.

Procurada pela reportagem, a diretoria da Santa Casa de Mauá se recusou a dar pronunciamentos sobre o assunto. Segundo funcionários que estavam de plantão sexta-feira no hospital, o hospital só comentará o caso na segunda-feira, após o feriado prolongado de Sete de Setembro.



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