Santo André deu ontem mais uma demonstração de falta de interesse em relação à chance do município em receber seleções para treinamento durante a Copa do Mundo de 2014. Beetto Saad, integrante do Comitê Organizador Local, visitou os principais espaços oferecidos pela cidade e sugeriu intervenções imediatas de modo que os andreenses não saiam da disputa. O diretor de Esportes da Prefeitura, Almir Padalino, ouviu as orientações, mas não pareceu motivado em acatá-las.

Segundo o dirigente, as reformas sugeridas por Saad, na reunião ocorrida no Clube Atlético Aramaçan, esbarram na burocracia. "Todo mundo diz que o Ministério dos Esportes tem dinheiro, mas para conseguir verba é preciso longo e demorado processo. Estamos trabalhando para fazer o melhor do Bruno Daniel, iniciamos a primeira parte da reforma e em breve faremos obras para modernizar o estádio", declarou Padalino.

Entre as propostas sugeridas por Saad está a reforma completa do Bruno Daniel e não apenas ações paliativas como tem feito a Prefeitura. O dirigente usou como exemplo a bem-sucedida modernização do Estádio da Fonte Luminosa, em Araraquara (SP). Mesmo com a Ferroviária - time que recentemente subiu para a Série A-2 do Campeonato Paulista - não levando grandes públicos às arquibancadas, o local foi ampliado de 18 para 25 mil lugares atraindo partidas do Corinthians no último Paulistão.

"É preciso pensar grande e no futuro. Santo André tem muito potencial e está a meia hora de São Paulo. Se contratassem empresa séria de comunicação e que elaborasse projeto consistente, tenho certeza que conseguiria bancar a reforma total do local apenas com verba do governo federal, assim como fez Araraquara. Hoje, os estádios vão muito além de palcos para futebol, precisam ter outras utilidades como espaço para shows, bares e restaurantes. Assim fica mais fácil e barato manter a estrutura", explicou Saad, que também é diretor da BPS Promoções, empresa de marketing responsável pelos camarotes na maioria dos estádios paulistanos.

A reforma da Fonte Luminosa custou R$ 25 milhões e o retorno tem sido imediato. Além de se tornar opção para locação para os times grandes da Capital, o estádio tem recebido pelo menos um grande show por mês. "Santo André poderia seguir esse mesmo caminho que já provou ser o certo. Mas a hora é agora. Se não mudarem a forma de pensar, vão perder o time e depois não adianta mais", avisou Saad.

O processo para escolha das subsedes da Copa do Mundo começou há um ano e está na reta final. Santo André, assim como São Bernardo e São Caetano, segue na disputa para receber as seleções para treinamento antes e durante o Mundial. Em fevereiro, o Comitê Organizador Local divulgou guia com 37 cidades finalistas. O material será distribuído às 32 seleções participantes no próximo ano, que terão autonomia para escolher onde desejam ficar.

Apesar da expectativa, a morosidade com que os municípios do Grande ABC tratam o assunto faz com que cidades como Santos, Barueri e Campinas saiam bem na frente na luta por participar efetivamente da Copa do Mundo.