Motoristas que acordaram cedo na manhã de ontem para ir ao trabalho ou levar os filhos à escola se sentiram enganados pela Prefeitura de Santo André ao tentar acessar o Viaduto Adib Chammas. Ao contrário do que a administração havia divulgado, a pista sentido bairro-Centro do elevado não foi liberada. A falta de informações irritou os condutores que tentaram usar o viaduto para chegar ao Centro (leia mais na reportagem ao lado).

À tarde, novamente a Prefeitura não cumpriu sua promessa. Às 16h, a administração havia enviado nota explicando os motivos do atraso e garantido que a liberação da pista que dá acesso à região central seria liberada no fim da tarde de ontem. No entanto, a equipe do Diário percorreu o elevado às 21h30 e a via ainda estava interditada. A situação se manteve até o fechamento desta edição.

Segundo a Prefeitura, o motivo do atraso foram as chuvas que caíram na cidade no fim de semana. Em nota, a administração municipal informa que, apesar de a concretagem das juntas de dilatação já estar concluída, a umidade impediu a colocação de um material de borracha sobre o pavimento.

A expectativa da Prefeitura é de que hoje sejam iniciados os trabalhos na pista contrária, que será parcialmente interditada. O poder público pretende finalizar as obras no dia 28.

Enquanto o equipamento não é liberado para passagem, a cidade vem registrando altos índices de congestionamento. Entre as vias mais afetadas com o aumento no número de veículos estão as avenidas dos Estados, Itamarati, além dos viadutos Cassaquera, Pedro Dell'Antonia e Santa Terezinha.

HORÁRIO DAS OBRAS

Todos os trabalhos de manutenção no viaduto têm sido executados durante o dia, o que contribui para atrabalhar o trânsito. Segundo a Prefeitura, o motivo de as intervenções não serem feitas no período da noite é a própria legislação municipal, que não permite a emissão de fortes ruídos na madrugada. A administração informa, no entanto, que "tem se esforçado para realizar (as obras) em horários alternativos".

Questionada, a Prefeitura não informou quantos funcionários trabalham na reforma do Adib Chammas. A administração também não respondeu se pretende fazer trabalho semelhante em outros elevados do município.

Motoristas perdem a paciência e buscam novas alternativas

Ontem, entre 17h e 18h, mais uma vez o cenário era de caos nas imediações da Avenida dos Estados, em Santo André. A interdição do Viaduto Adib Chammas, sentido bairro-Centro, causou a revolta de motoristas, que perderam a paciência ao volante pela falta de alternativas e de informações corretas. A fila até chegar ao acesso para a Avenida Industrial estava imensa. Motoristas aguardavam há quase uma hora até chegar próximo à alternativa. Alguns, furiosos, optaram por voltar de marcha à ré e seguiram adiante para buscar outro caminho, o que complicou ainda mais o tráfego e provocou vários buzinaços.

O contador Maurílio Pavanelli, 59 anos, voltava de São Paulo quando esqueceu que o viaduto ainda estava fechado. Na pressa, tentou voltar de ré e atrapalhou ainda mais o trânsito. "As saídas de Santo André estão horríveis. Não vão melhorar nunca? Está impossível", gritou, enquanto tentava mudar de pista para manobrar o veículo.

Apesar da distância de cerca de três quilômetros, alguns motoristas preferiram optar pelo Viaduto Cassaquera, que faz ligação com a Avenida Giovanni Batista Pirelli, para enfim ter acesso à região central da cidade. O comerciante Francisco Rocha Bezerra, 34, perdeu a chance de seguir em frente e se revoltou por ter de esperar parado. "Se eu soubesse teria seguido pelo outro viaduto. Está todo dia assim, preciso mudar minha rota."

Outro prejudicado foi o estudante Denis Fernandes, 24. "Estou parado desde lá atrás (na Avenida dos Estados) há 40 minutos. Piora todos os dias e ninguém dá informação certa aos motoristas."

Como reflexo da interdição do viaduto, a região da Estação Prefeito Celso Daniel e parte da Avenida D. Pedro II apresentavam filas e tráfego praticamente parado.