Cultura & Lazer Titulo
No trapézio do circo mais bonito do mundo
Mônica Santos
Da Redaçao  
16/01/1999 | 18:16
Compartilhar notícia


Depois de cinco semanas de treinamento intenso no Canadá, a trapezista Juliana Neves, 27 anos, de Sao Bernardo, prepara-se para iniciar a turnê do Cirque du Soleil, que estréia dia 22 de abril em Montreal e percorrerá toda a América do Norte durante três anos. Ao Brasil, o circo só deve vir em 2004, provavelmente com outro espetáculo.  

Na semana passada, Juliana esteve em Sao Bernardo e falou ao Diário sobre a experiência de estar no mais famoso circo do mundo. Muito trabalho, aquisiçao de experiência e uma vida culturalmente intensa numa cidade de pouco mais de 1 milhao de habitantes sao, para ela, as principais motivaçoes. "Montreal valoriza muito a cultura e a maioria das pessoas é bilíngüe. As vezes, a conversa começa em inglês e termina em francês", afirma a trapezista, buscando exemplificar o modo de vida dos moradores da cidade canadense.  

Juliana é, atualmente, a única brasileira do elenco do Cirque du Soleil. Na lista dos estrangeiros contratados para este espetáculo, também há 35 chineses e outros 14 artistas de outros paí-ses. "Eles têm uma estrutura invejada por qualquer corporaçao artística. Há fisioterapeutas, massagistas e um prédio com estúdio que custou US$ 37 milhoes. Em uma das salas é possível montar todo o espetáculo. Há também um galpao para construçao dos aparelhos que usamos, e dois andares só para figurinos e maquiagem."  

Ainda sobre a estrutura, Juliana conta que o circo faz moldes das cabeças de todos os integrantes. Assim, os adereços e maquiagem sao testados nesses moldes, sem precisar incomodar o artista, cuja única funçao é treinar muito, para que o espetáculo seja sempre impecável. "Normalmente, treino o meu número das 9h às 17h. Para isso, tenho dois técnicos exclusivos", diz.  

Juliana descreve o seu número como um pas-de-deux aéreo em tecidos. Ela divide a cena com um trapezista búlgaro, também recém-chegado ao Cirque du Soleil. "É uma técnica de contrapeso que já existe no Brasil. Os tecidos sao puxados por motor e os artistas voam em círculos. O pas-de-deux que faço fala dos quatro elementos; eu sou o ar", explica.

Sonho antigo - Juliana começou na arte circense no Circo-escola Picadeiro, em Sao Paulo, onde teve aulas com os integrantes do Acrobáticos Fratelli. Mais tarde, foi uma das fundadoras da Cia. Cênica Nau de Icaros, em Sao Paulo. Em 1997, participou de uma audiçao do circo canadense. Porém, o espetáculo no qual deveria participar à época acabou sendo cancelado.

Entao, Juliana decidiu voltar a dedicar-se a uma outra paixao, a dança contemporânea - até ser chamada novamente pelo Soleil, no fim do ano passado.  Apesar de mostrar-se muito feliz com a oportunidade de realizar um antigo sonho, Juliana nao esconde que pretende deixar o circo no futuro, muito provavelmente quando seu contrato acabar, em 2001. "Quero concluir este trabalho que sempre quis fazer, mas depois pretendo me dedicar à dança, que é meu maior desejo.

Quero terminar meus dias dançando e coreografando", diz.  Na verdade, a trapezista gostaria de retomar sua carreira de bailarina no ponto em que a interrompeu, ou seja, na Cia. Quasar de Dança, em Goiás, na qual entrou em 1998. "Nunca participei de um processo criativo com tanta vontade. Espero que as portas continuem abertas e que eu possa trazer muita contribuiçao após esta experiência circense", conclui.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;