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Inflação, Selic e consequências
Sebastián Alejandro Escobar
16/05/2015 | 07:26
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A preocupação dos agentes econômicos e do público em geral é com as variações da taxa básica de juros (a Selic), determinadas pelo Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do Banco Central do Brasil, encarregado de fazer cumprir a meta de inflação determinada de acordo com o Regime de Metas da Inflação.

O último aumento de 0,5 ponto percentual elevou a Selic ao patamar de 13,25%, o maior nível desde dezembro de 2008. Como justificativa para este aumento e “avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”, como diz em seu relatório, o comitê decidiu, por unanimidade, este acréscimo.

A preocupação dos agentes econômicos e do público em geral se justifica por vários motivos. Por um lado, elevam-se os gastos financeiros do governo e há redução do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), o que diminui as receitas com impostos. Os gastos financeiros crescem pelo motivo de existir estoque elevado de dívida pública indexada à taxa Selic, fazendo com que o governo se comprometa em gerar elevados superavits primários. Isso prejudica as despesas sociais e os investimentos.

A redução do PIB caracteriza típica política recessiva, que tem como consequência a diminuição do emprego e da produção de bens e serviços, o que afeta ainda mais o fraco desempenho da economia brasileira nesses últimos meses. Esta situação é reforçada pelos consumidores, cujo comportamento se torna cauteloso em comprometer a renda com consumo, na perspectiva de perda do emprego. Com a redução da atividade econômica, o governo terá arrecadação de impostos bem menor, reforçando e aumentando o volume de dívida, numa sequência nefasta.

Segundo o Banco Central, a política monetária “deve assegurar inflação baixa, criando as pré-condições para o crescimento de longo prazo”. O que justificaria um sacrifício, no curto prazo, para assegurar crescimento no longo prazo. Este é o grande objetivo do Copom: “assegurar inflação baixa”, deixando em segundo plano, no curto prazo, o crescimento econômico.

Por outro lado, o BC, levando em conta experiências internacionais, afirma: “Desde meados da década de 1990, países têm crescido com baixas taxas de inflação em razão de: política de metas para a inflação e bancos centrais autônomos”.

Este é o argumento definitivo para atingir as taxas de inflação baixas e o crescimento sustentável, isto é, políticas de metas para a inflação e bancos centrais independentes (mais ainda?).

O BC argumenta ainda que a política de metas de inflação está centralizada na utilização de um único instrumento para atingir um só objetivo, isto é, taxa de juros de curto prazo e a meta da inflação.

Assim, na atual condução da economia, o governo tem se orientado por uma prática de aumento da taxa de juros com objetivo de segurar a inflação, deixando para depois o crescimento econômico. 




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