Economia Titulo Consumo
Morador da região gasta R$ 792 por ano em farmácias

Consumo em drogarias das sete cidades deverá chegar a R$ 2,1 bi em 2015; quantidade de estabelecimentos cresceu 13,7% em três anos

Fabio Munhoz
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
11/05/2015 | 07:06
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


Cada morador do Grande ABC deverá gastar neste ano média de R$ 792,52 em farmácias da região, o equivalente a pouco mais de R$ 66 por mês. O potencial de consumo nos estabelecimentos desse tipo nas sete cidades para 2015 é de R$ 2,1 bilhões, segundo a consultoria IPC Marketing. O número é 47,4% maior do que em 2012, quando os gastos ficaram em R$ 1,4 bilhão, e a média individual era de R$ 562,62, ou R$ 46,88 mensais.

No mesmo período, o número de drogarias na região cresceu 13,7%, passando de 1.264 para 1.437 – 173 a mais. Isso significa que uma farmácia foi aberta no Grande ABC a cada semana. O aumento na oferta é superior à evolução da população. Entre 2012 e 2014, a quantidade de habitantes nas sete cidades variou 4,7%, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O envelhecimento da população é um dos fatores que explica o crescimento desse setor. Em apenas um ano, de 2012 para 2013, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer passou de 74,6 para 74,9 anos. Em 2000, o IBGE calculava média de 68,6 anos para cada pessoa nascida no País. Com o aumento da longevidade, a tendência é de que haja elevação nos gastos com remédios e outros tipos de tratamentos médicos, o que impulsiona a demanda nas farmácias, na avaliação do diretor da IPC Marketing, Marcos Pazzini.

O coordenador do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, acrescenta que a mudança no perfil dos estabelecimentos também estimulou a expansão das redes e, consquentemente, o rendimento do grupo econômico. “Recentemente, as farmácias passaram a comercializar não somente remédios, mas outros produtos agregados, como de perfumaria e cosméticos”, comenta.

Prearo salienta que o aumento na renda em fatias mais pobres da população é outro fator responsável por aquecer a demanda do comércio, de maneira geral. “Nos últimos dez anos, houve um acesso muito grande de pessoas das classes C e D a itens que, até então, não tinham condições de comprar. Caso dos produtos de beleza, por exemplo. Me parece que os empreendedores enxergaram esse potencial”, avalia.

Por terem condições de serem instaladas em imóveis de pequeno e médio porte, as farmácias têm facilidade de expansão, na comparação com outros tipos de estabelecimentos, como supermercados. “Nesse cenário, as drogarias formam um canal importante de proximidade com o consumidor final.”

“As farmácias, que antes vendiam somente remédios, se tornaram quase que lojas de conveniência. Não acontecia, no passado, de você abrir um jornal no fim de semana e ver grandes anúncios de drogarias. Nos shoppings, é comum que haja dois ou três estabelecimentos do tipo e todos estão sempre cheios”, compara o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero.

Ele considera que o aquecimento dos setores de comércio e serviços ainda é reflexo do crescimento na renda populacional dos últimos anos, fazendo com que as empresas revejam as margens de lucro sem que haja queda na demanda como consequência.

FALTA DE MEDICAMENTOS
- A expansão no segmento de vendas de produtos ligados à saúde reflete problema frequentemente enfrentado por usuários de hospitais e postos públicos, que é a falta de medicamentos. Na semana passada, a equipe do Diário percorreu diversas unidades básicas da região e constatou falhas no abastecimento de substâncias utilizadas em tratamentos.

Entre os remédios mais procurados na rede pública estão a sinvastatina, que é utilizada para diminuição nos índices de colesterol no sangue, e a gliclazida, que é indicada para pacientes com diabetes. No mercado, a caixa com 30 comprimidos de gliclazida com 30 mg é vendida a cerca de R$ 25. Na dosagem de 60 mg, o preço médio sobe para R$ 45.

EXPANSÃO - Na região, as grandes redes têm, cada vez mais, expandido suas unidades. E, devido ao consumo crescente de medicamentos e produtos de higiene e beleza, afirmam que pretendem seguir ampliando presença nas sete cidades. A Drogaria São Paulo inaugurou, em março, sua mais recente unidade no Grande ABC, em Santo André. E, ao todo, soma 43 lojas por aqui, sendo 17 no município andreense, 12 em São Bernardo e sete em São Caetano. A Droga Raia e a Drogasil (pertencentes ao mesmo grupo), no ano passado abriram três unidades na região. Hoje, somam 31 lojas, sendo 11 em Santo André, oito em São Bernardo e oito em São Caetano.

Segundo o diretor de marketing da Drogaria São Paulo, Roberto Tamaso, o Grande ABC tem forte importância para a rede. “Nossa marca vem se consolidando a cada inauguração”, diz. “Pretendemos manter o ritmo atual de expansão, reforçando o atendimento em praças onde já é reconhecida, e a região exemplifica muito bem o sucesso dessa prática.” De acordo com a Droga Raia e Drogasil, mais de 60% de suas lojas estão no Estado de São Paulo. “A Grande São Paulo é um de nossos principais focos de atuação.”

Quanto aos motivos que as levam continuamente a realizar inaugurações, Tamaso explica que, hoje, as drogarias são referência para o consumidor na hora de comprar itens de higiene e beleza, além dos medicamentos. A Droga Raia e Drogasil aponta que a alta do segmento se dá em razão do envelhecimento da população e da melhora da qualidade de vida. “O Brasil tem apresentado aumento expressivo da expectativa de vida nos últimos dez anos, de maneira que o faturamento do setor cresceu dois dígitos durante esse período.”

SÃO CAETANO - Proporcionalmente, São Caetano é a cidade que mais possui farmácias na região: são oito unidades por quilômetro quadrado. No Grande ABC, a média é de quase duas por quilômetro quadrado. Acima desse total também estão Diadema (6,66), Mauá (2,89) e Santo André (2,4). Em seguida estão São Bernardo (1,02), Ribeirão Pires (0,71) e Rio Grande da Serra (0,38).

Levando em consideração a estimativa de população para 2014 no Grande ABC, elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a região tem uma farmácia para cada 1.880 pessoas. Novamente São Caetano oferece a maior densidade, com uma para cada 1.257 habitantes. Entre as explicações estão o fato de a cidade possuir o maior percentual de idosos. Segundo o Censo 2010, 19,1% dos moradores do município tinham 60 anos ou mais. Segundo especialistas, essa parcela do público tende a gastar mais com medicamentos. Além disso, a população local conta com a maior renda da região, o que estimula o interesse de empresários.

Nessa mesma linha, Rio Grande da Serra que, proporcionalmente, possui a maior parcela de jovens entre 15 e 24 anos (18,5%), tem a menor quantidade de drogarias na comparação com a população: uma para cada 3.409 moradores da cidade. Porém, Rio Grande apresentou o maior aumento no número de estabelecimentos entre 2012 e 2015: 27,3%.

Considerando a estimativa de consumo para 2015 no setor, de R$ 2,1 bilhões, cada uma das 1.437 farmácias da região deve ficar com cerca de R$ 1,5 milhão do total gasto na região com medicamentos e produtos de perfumaria e cosméticos. Em 2012, segundo o levantamento da consultoria IPC Marketing, o montante que ficou com cada drogaria girou em torno de R$ 1,1 milhão. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;