O cenário econômico brasileiro vai de mal a pior. Nenhuma previsão, nem mesmo as mais pessimistas, estabelecem onde vamos parar e respirar para realmente arrumarmos a casa e darmos um fôlego para recuperar a estabilidade e, então, iniciar o processo de crescimento. Todos temiam o pior, mas conseguimos complicar ainda mais pelos fatores externos, principalmente pelo preço do petróleo, que despencou nos últimos 18 meses, e pelas ameaças de aumento dos juros no mercado norte-americano, pressionando a valorização do dólar no mercado mundial. O único sinal de alívio é que os integrantes do FED (Federal Reserve), banco central norte-americano, dão indícios de que o início da jornada de subida dos juros deverá ser adiada para 2016, reduzindo a pressão sobre a valorização da moeda. Na contramão, o Banco Central brasileiro aumentou nossa taxa Selic em meio ponto percentual, elevando a taxa anual para 13,25%, ultrapassando a meta para 2015, que era de 13%, com viés de continuidade de aumento se a inflação, que era prevista para 8%, continuar subindo. Ela já se aproxima perigosamente do patamar de dois dígitos.

A ingênua boa vontade de reduzir as tarifas públicas ou os preços administrados, associados à falta de competência e ao autoritarismo, destruiu o frágil sistema elétrico, que com os mandos e desmandos transferiu o preço das tarifas para este ano. Além do aumento abusivo dos preços da energia elétrica implantados em janeiro com o conceito de bandeira tarifária, que anuncia em nossas contas o regime de gastos, o governo autorizou a Eletropaulo a reajustar as tarifas a partir de julho em 12,21% para os grandes consumidores como indústrias, shoppings e etc. e de 16,73% para residências de baixo consumo.Essa medida proposta pela Aneel, ficará em audiência pública até primeiro de junho e, mediante os pleitos das operadoras, poderá sofrer variações para cima ou para baixo.

De uma coisa temos certeza, nosso sofrido orçamento familiar será impactado com isso. Em fevereiro, a Eletropaulo aumentou a tarifa em 31,91% devido ao aumento do custo da energia gerada por Itaipu e ao cancelamento da ajuda do tesouro para subsidiar o programa Luz Para Todos, o que gerou aumento para pelo menos 6,7 milhões de unidades de consumo somente na área metropolitana de São Paulo. Ainda não sabemos o total real do prejuízo que teremos que arcar.

Outra pancada já aprovada é na conta de água. A Sabesp, empresa de saneamento básico do Estado de São Paulo, autorizou aumento na conta de mais de 15%, além das multas e critérios implantados desde o início do ano devido ao racionamento branco, não assumido pelo governo do Estado. O pleito foi de mais de 22%, o que significa que outros virão em breve.

A próxima bola da vez serão os derivados de petróleo, com o balanço da Petrobras em 2014 anunciando prejuízo demais de R$ 27 bilhões. A previsão é de que teremos um novo balanço, agora do primeiro trimestre, após o dia 22 de maio. Vamos então saber o impacto do prejuízo causado pelo congelamento dos preços dos últimos anos no caixa da empresa, superior a R$ 60 bilhões, que aumentou o endividamento da companhia e, fatalmente, recairá sobre os preços que serão repassados para os consumidores, e os fretes que aumentaram a inflação e o custo dos alimentos, produtos e serviços.

Portanto, meus amigos, nossa saga de instabilidade vai longe pelo andar da carruagem. Estamos à beira de um abismo que vamos perder para além de 2015, devido à instabilidade política e ao imobilismo de nossos governantes, que já estão pensando na eleição de 2016 e estão em plena campanha eleitoral. A única coisa que nos resta é pagar as contas em dia, se possível, e ter que ouvir panelaço e buzinaço como expressão de nossa insatisfação com tantos aumentos que reprimem a vida dos brasileiros.