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Sede da guerrilha na Colômbia fica sem governo
Da AFP
22/10/2003 | 19:38
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Arauca, centro da maior zona petroleira da Colômbia, ficou sem governo nesta quarta-feira, depois da detenção de seu prefeito e de 30 políticos desta região, acusados de ligações com a guerrilha.

"Todo mundo sabe quem governa a região. São os que sempre mandaram: os guerrilheiros. Todos sabem que são os rebeldes que escolhem os governadores e os prefeitos", afirmou um taxista da cidade de 45 mil habitantes, localizada na fronteira com a Venezuela.

"Quem procura trabalho na região tem que se encontrar com os guerrilheiros, para que lhe dêem um papel dizendo: "emprega essa pessoa no hospital, na prefeitura, na empresa de energia", relatou o taxista, para quem "ainda falta muito para que a região de Arauca deixe de ser dominada pela guerrilha".

Há cinco dias das eleições regionais de domingo, foram presos durante uma operação militar e policial de envergadura o prefeito de Arauca, Jorge Cedeño, o presidente da assembléia departamental, sete candidatos ao governo, prefeituras e conselhos, dois ex-governadores e vários funcionários, deputados e empreiteiros.

A operação intitulada 'Dignidade' tenta acabar com esta "rede de corrupção que desvia recursos para o terrorismo", de acordo com o diretor do serviço secreto da região, Julio Castellanos, que informou que a investigação continua, pois cerca de 80 ordens de captura foram emitidas pela Procuradoria.

"Ainda faltam muitas ordens a executar. Arauca é como uma prisão: entrar é fácil, o problema é sair", afirmou Castellanos, referindo-se ao cerco militar realizado na região para evitar a fuga dos suspeitos. Segundo Castellanos, foram essenciais ao desenvolvimento da operação os depoimentos de três guerrilheiros desertores, que revelaram que praticamente todas as entidades da administração de Arauca estão infiltradas pelos movimentos guerrilheiros.

Os rebeldes confirmaram que muitos funcionários do departamento assistem à reuniões com líderes guerrilheiros para discutir o orçamento do governo local, de acordo com Castellano.

Rico em petróleo, o departamento de Arauca constituiu por quase duas décadas um fundo de recursos para a guerrilha, principalmente para o Exército de Libertação Nacional (ELN), que embolsou cerca de 30% das regalias de US$ 1,3 bilhão entregues à região nos últimos 20 anos. Um funcionário que não quis ser identificado revelou que cerca de 5% dos contratos de obras públicas foram desviados para a guerrilha.




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