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Petrobras anuncia prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014

Corrupção acarretou perdas de R$ 6,2 bilhões; empresa também cita desvalorização de ativos

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
23/04/2015 | 07:16
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Divulgação


A Petrobras anunciou ontem prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014. O pagamento de propinas, identificadas pela Operação Lava Jato, foi responsável por perdas da ordem de R$ 6,2 bilhões. Em janeiro, cálculo apresentado em reunião do Conselho de Administração da estatal pela então presidente Graça Foster havia indicado baixa contábil de R$ 88,6 bilhões atrelada aos casos de corrupção investigados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.

A companhia garante que o principal fator responsável pelo prejuízo do ano passado foi o impairment (desvalorização de ativos), cujas perdas somaram R$ 44,6 bilhões. A Petrobras acrescenta que “também impactaram os resultados o provisionamento de perdas com recebíveis do setor elétrico (R$ 4,5 bilhões), as baixas relacionadas à construção das refinarias Premium I e II (R$ 2,8 bilhões) e o provisionamento do PIDV (Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário – R$ 2,4 bilhões)”.

Apenas no último trimestre, o prejuízo foi de R$ 26,6 bilhões. “As atividades mais impactadas foram as de refino (R$ 31 bilhões), devido principalmente à postergação do segundo complexo de unidades da Refinaria Abreu e Lima e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro”, diz a nota.

Para calcular as perdas referentes aos casos de corrupção, foi utilizada metodologia baseada em depoimentos de envolvidos na Lava Jato. “Foi aplicado percentual de 3% sobre contratos com 27 empresas citadas como integrantes do cartel, entre 2004 e 2012. No caso de pagamentos para empresas fora do cartel, foram considerados valores específicos citados nos depoimentos.”

Apesar dos números alarmantes, o mercado financeiro pode reagir positivamente, avalia o economista-chefe da agência classificadora de risco Austin Rating, Alex Agostini. “As perdas ficaram abaixo da expectativa. Além disso, a Petrobras captou quase esse valor (de R$ 21,6 bilhões) para honrar compromissos. Ou seja, ganhou fôlego, mas é cedo para traçar prognóstico.”

O consultor financeiro Mauro Calil analisa que, como as perdas são financeiras e não operacionais, a empresa não deve reajustar preços dos combustíveis a curto prazo. “É como se o contribuinte declarasse, no Imposto de Renda, que seu automóvel valorizou de R$ 30 mil para R$ 40 mil em um ano e, no período seguinte, corrige para R$ 20 mil. Seria equivalente a um prejuízo de R$ 20 mil, mas esse dinheiro nunca existiu.”
 




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