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Jogador do São Bernardo é vencedor desde a infância
Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
22/03/2010 | 07:00
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Quem vê o atacante Danielzinho em campo com a camisa 11 do São Bernardo, com seu jeito driblador e veloz, sendo um dos destaques da equipe na campanha da Série A-2 do Campeonato Paulista, nem imagina os problemas de saúde que sofreu. No seu segundo ano de vida, Daniel Tiago Duarte foi diagnosticado com leucemia (câncer no sangue) e, segundo os médicos, não tinha perspectiva de continuar vivo.

Na base da fé e da insistência dos pais, que acreditaram na possível recuperação de Danielzinho, o tratamento foi realizado com sucesso, o atacante recuperou-se completamente e agora, 20 anos após o diagnóstico da doença, considera-se um milagre.

Tudo começou quando tinha um ano e meio de vida. Sem forças nas pernas, o garoto foi levado ao médico pelos pais. "Aí foi diagnosticada a leucemia já em estágio avançado", conta sua mãe, a ajudante geral Marília Tiago Duarte, de 47 anos.

A partir daí, a vida da família mudou, sobretudo após o que foi falado pelos médicos. "Disseram que não tinham mais perspectiva para mim. Eles falaram para os meus pais desistirem, voltarem para casa e esperarem a minha morte", diz Danielzinho.

A reação de Dona Marília, como não poderia ser diferente, foi a pior possível. "Entrei em estado de choque, porque filho é filho, é uma parte da gente. O médico falar que o caso era perdido foi como se uma parte de mim tivesse sendo arrancada", relata.

Sem desistir, os pais procuraram uma alternativa. E após muito esforço, obtiveram o resultado positivo. "O tratamento durou oito meses direto no hospital, numa clínica infantil do Ipiranga. Nós vendemos tudo para conseguir salvar o Daniel, tanto eu quanto meu marido, não saíamos do hospital. Nós não vivíamos, vegetávamos. Tínhamos de usar máscara, luva, toda proteção para não passar nenhum tipo de doença para o Daniel, pois ele estava muito fraco, cheio de feridas. A gente não sabia se ele iria amanhecer vivo."

"Toda a família entrou em desespero, mas como eu disse Deus tinha uma missão para o Daniel e ele se recuperou. Quando o médico falou que o pior já havia passado foi uma felicidade muito grande. Levantamos as mãos para o céu e agradecemos. Foi um milagre, uma obra de Deus."

O próprio jogador exalta o quão fundamentais foram os pais no caso. "Graças a Deus jamais desistiram de mim", exalta Danielzinho que, aos 22 anos, comemora gozar da prática plena de um esporte de alto rendimento como o futebol. "Foi uma lição de vida para mim. Procuro sempre me doar ao máximo no que faço para alcançar os objetivos como gratidão", conclui o atleta do Tigre.

Jogador poderia ter sequelas, conta mãe
Após o tratamento de oito meses para recuperar-se plenamente da leucemia, Danielzinho não voltou simplesmente para casa. Segundo sua mãe, Marília Duarte, ainda havia o que se fazer, já que a doença poderia trazer sequelas quanto aos movimentos das pernas, justamente as principais ferramentas de trabalho do jogador hoje em dia.

"Depois do tratamento ele foi para a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), teve de usar aparelho nas pernas e fazer tratamento para recuperar os movimentos", conta a mãe.

Quando anos depois Danielzinho tomou a decisão de ser atleta, ainda mais de futebol, esporte que requer o máximo rendimento dos membros inferiores, Dona Marília diz que uma mistura de receio com preocupação vieram à tona. "Ficamos preocupados, mas os próprios médicos disseram que seria bom para ele fortalecer as pernas, então deixamos para ver o que acontecia, e hoje ele é jogador", recorda.

Vê-lo em campo, aos olhos da mãe, é motivo de satisfação e um pouco mais. "A certeza de que o Daniel é um milagre, ele é a minha alegria. Saber que ele está recuperado, sem problemas. Todo ano ele faz exames no clube e sempre está com a saúde 100%", afirma Dona Marília. "É uma benção, um milagre. Hoje eu poderia ter alguma sequela da doença e não poder praticar, mas estou curado por inteiro", completa Danielzinho.

Segundo o preparador físico do São Bernardo, Deivid Marques, de fato a recuperação do jogador foi plena, mas a leucemia pode ter interferido no seu biotipo. "Tudo o que acontece na infância reflete na formação do ser humano. Ele ser um rapaz alto e magro pode ter relação com o que ele teve", afirma.

"Mas hoje, do problema, está totalmente curado. A gente ainda tem esforço para mantê-lo no peso ideal, porque ele perde muito rápido. Mas ele corresponde bem à reposição, tem trabalho especial com nutricionista e dentro de campo. Depois de três anos no profissional ele vem evoluindo, deixou de ser apenas magro para ser magro forte e o vemos dentro das condições normais como qualquer outro jogador", finaliza Marques.

O jogador, por sua vez, só pensa em curtir a boa fase. "Estou desde 2007 tentando e chegou minha hora. É aproveitar ao máximo", encerra Danielzinho.




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