Pelo menos 15 bairros de Santo André, São Bernardo e São Caetano ficaram sem luz ontem por causa do temporal do dia anterior. Moradores desses locais apontam a queda de árvores como a principal causa do problema, já que os galhos caem sobre a rede elétrica e provocam apagões. Houve pelo menos 59 quedas de árvores na região anteontem, segundo bombeiros e defesas civis.

"A cidade não comporta essas árvores altas. Qualquer chuva aumenta o risco de queda", diz Eunice Malavazi, 56, moradora da Rua Antônio Galo, no bairro Barcelona, em São Caetano, onde uma árvore caiu anteontem. Eunice afirma que pediu a poda há dois meses, mas não foi atendida.

Fazer podas de árvores periodicamente é uma das formas de evitar que elas caiam, segundo Luiz Sérgio Mendonça Coelho, professor de Engenharia Civil e Urbanismo do Centro Universitário da FEI. "Os técnicos devem fazer um planejamento de poda de árvores para evitar quedas e problemas com a rede elétrica", afirma Coelho. O professor de Biologia Vegetal da UFABC (Universidade Federal do ABC), Ricardo Augusto Lombello, lembra que galhos secos e folhas amarelas são sinais de que a estrutura da árvore pode estar comprometida. "Se o galho for removido, e a árvore tratada, ela pode voltar a ficar saudável", diz Lombello.

A Prefeitura de São Bernardo informou que a poda é feita, em média, a cada 18 meses. O telefone para pedir o corte de galhos é 0800-0191944. São Caetano relatou que tem seis equipes, com três pessoas cada, que podem ser chamadas pelo telefone 156. Ribeirão Pires afirma manter vistoria técnica nas árvores, que pode ser solicitada pelo telefone 4828-9100. Rio Grande da Serra promete fazer visitas periódicas aos bairros e atender chamados pelo telefone 4821-8101.

Dia de limpeza e de contar prejuízos

Horas antes do temporal que desabou sobre o Grande ABC na tarde de ontem, os moradores de São Caetano ainda contavam os prejuízos causados pela chuva de granizo do dia anterior. A queda de árvores e os fortes ventos provocaram corte de luz em parte de três bairros: Santa Paula, Barcelona e Centro. O Parque Cidade das Crianças e o Teatro Paulo Machado de Carvalho não abriram as portas ontem.

Segundo levantamento da Prefeitura, 30 árvores caíram em razão das chuvas. O Corpo de Bombeiros registrou cinco ocorrências de munícipes. Na Rua Tomazo Tomé, no bairro Olímpico, uma árvore tombou sobre os fios da rede de energia elétrica. As 11h, empregados de uma rede de TV por assinatura esperavam o corte da árvore para restabelecer o sinal.

Parte do forro do teto do Teatro Paulo Machado de Carvalho cedeu, e a formatura dos alunos da Emei Vicente Bastos foi cancelada. "Ainda não sabemos quando o teatro vai reabrir", disse Vanessa Senatori, 35, coordenadora do teatro. Três eucaliptos de cerca de 20 metros caíram no Parque Cidade das Crianças. Um deles quebrou o telhado de um quiosque.

Duzentos funcionários da Prefeitura trabalharam na limpeza das ruas. Os moradores também tiveram trabalho. "Demorei mais de uma hora tirando folhas e galhos do meu jardim", disse a manicure Suzete Coutinho, 22.RN

 Fins de tarde com chuva persistem até o término do verão

As pancadas de chuva fortes nos fins de tarde devem persistir durante todo o verão, segundo meteorologistas ouvidos pelo Diário. A previsão é de que continue chovendo forte até, pelo menos, a chegada de abril.

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) informa que os próximos dias serão "tipicamente de verão, com sol, nebulosidade variável e pancadas de chuva entre a tarde e a noite", informa o instituto em seu boletim para o início do mês.

"Essa rotina de fazer muito sol de manhã, aumentar a nebulosidade à tarde e chover à noite é comum no verão e deve persistir até o final de março em toda a Região Metropolitana", afirma o meteorologista Daniel Felix, do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo.

Segundo Felix, essa previsão só muda caso apareça uma frente fria repentinamente. "Podem aparecer frentes frias no meio do caminho, que vão fazer a temperatura diminuir e trarão mais chuvas", comenta.