A singularidade não é algo restrito à marcante voz da cantora espanhola Concha Buika. A mistura de ritmos, especialmente do jazz e do flamenco, é outra especialidade que se destaca em seu trabalho, que pode ser visto com mais atenção em ‘En Mi Piel' (Warner Music, preço médio R$ 30), compilação de algumas de suas mais saborosas canções.

Aos 39 anos, a intérprete e compositora, que já foi nomeada na categoria de melhor álbum do Grammy Latino, em 2008, volta à tona por quatro temas que ela interpreta no último longa de Pedro Almodóvar, ‘A Pele Que Habito'. O destaque é a visceral ‘Por El Amor de Amar'. Levada ao piano, recheada pelo grave timbre de Buika, a canção é um belo lamento que fala da necessidade de amar.

O álbum traz canções dos seus últimos quatro discos: ‘Buika' (2005), ‘Mi Niña Lola' (2006), ‘Niña de Fuego' (2008) e ‘El Último Tango' (2009), além de algumas inéditas. A miscelânea musical passeia além dos jazz e dos ritmos latinos, faz flerte com gêneros como o blues e o pop e traz pitadas da música africana. O resultado é uma ponte entre as tradições espanholas, os lamentos gitanos, com a contemporaneidade. As baladas ‘New Afro Spanish Generation', ‘Como Era' e ‘Talk To Me' traduzem o lado moderno da cantora.

Destaque, também, para ‘Se Me Hizo Facil', com o quê da percussão cubana. As apaixonadas ‘Somos', ‘Sueño Com Ella' e o tango Volver, de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera, são outros dos melhores momentos do disco.

Versatilidade é um mérito de Buika, mas seria só um passeio por ritmos diversos se não fosse sua visceralidade vocal para dar vida às canções que grava e compõe.