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Volta de Simão depende do transporte de cachorros

Família do morador de rua não tem como arcar com R$ 1.400 a mais para que os dois animais sigam para o Maranhão

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
09/04/2015 | 07:02
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Celso Luiz/DGABC


O retorno do morador de rua Simão Pinheiro da Costa, 43 anos, à cidade de Buriti Bravo, no Maranhão, depende do transporte de dois dos três cães que o acompanham dia e noite em Santo André. A família, que ele não vê há 25 anos, vai pagar suas passagens, entretanto, não tem como bancar o custo extra, em torno de R$ 1.400, do envio dos animais.

O preço do transporte foi obtido junto à Tam Cargo, tendo como base o peso aproximado de 20 kg de cada um dos cachorros e mais as gaiolas necessárias para a acomodação (avaliadas em 10 kg por unidade), no trajeto entre Guarulhos e Teresina, no Piauí, que é a capital mais próxima da cidade de origem de Simão. O montante, entretanto, somente é definido com a pesagem na hora do embarque.

INSEPARÁVEIS

Desde o dia 15 de março, os leitores do Diário acompanham a história de Simão. Ele mora nas esquinas das avenidas Itamarati e Antônio Cardoso, em Santo André. A reportagem proporcionou contato telefônico entre ele e a família e, a partir de então, iniciou-se tratativas para seu retorno. A única condição imposta pelo morador é que os animais sigam para terras maranhenses.

Dono de Marrom, Negão e Neguita, Simão não consegue se imaginar sem a companhia dos cachorros, que o acompanham há seis anos. “Eu morava com um grupo embaixo de um viaduto no bairro Santa Terezinha e nós cuidávamos de 11 cachorros. Cada um foi para o seu lado mas, eles continuaram comigo”, contou.
Marrom se divide entre Simão e outro dono no Parque das Nações, por isso ele vai deixá-lo na cidade. Porém, Negão e Neguita estão sempre com Simão, mesmo quando ele percorre a cidade pegando papelão pelas ruas.

“Eles são meus companheiros e me protegem. No começo, quando eu ficava por aqui, muitas pessoas me jogavam pedras e pararam de fazer isso porque os cachorros latiam. Eles são muito dóceis, mas sempre que alguém se aproxima me avisam.”
Ele esclarece que os animais estão com as vacinas em dia. Os dois são disciplinados e só comem ração.

A passagem aérea de Simão para o Maranhão vai ser custeada pela família, porém há dificuldades em levantar dinheiro para o transporte dos dois vira-latas. “Infelizmente eu ainda não comprei a passagem do Simão devido a situação dos cães. É muito triste, mas não temos condições para trazê-los”, disse a prima Tatiana Rossany, filha dos padrinhos de Simão.

A paixão por animais acompanha o morador de rua desde a sua infância. Segundo ele, no sítio em que morava, ele criava cachorros, gatos, porcos e galinhas. Desde que chegou a São Paulo, em 1989, já cuidou de mais de 15 cães.

Simão continua sonhando com o retorno a Buriti Bravo, onde fala em terminar os estudos e voltar a trabalhar na Roça. Porém, nada disso tem sentido sem os dois companheiros. “Eles estiveram comigo em todos esses momentos. Não é justo deixá-los aqui abandonados sem ninguém”, disse. 




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