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Lembranças de um francês na Fichet
Ademir Medici
08/04/2015 | 07:00
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Na formação étnica de Santo André, a presença de Raymond Felician Victor Devisscher. Ele é francês, nascido em 19-11-1928, e veio para o Brasil em agosto de 1960 para trabalhar na Fichet, planta fortíssima no passado da Avenida Industrial – uma das indústrias pesadas pioneiras da via.

Sr. Raymond estabeleceu-se de vez no Brasil – e em Santo André – retornando inúmeras vezes à França, mas apenas nas férias e a passeio, para rever os familiares. Na Fichet, atuava como desenhista-projetista de estruturas metálicas, um dos fortes da Fichet.

Por exemplo: as instalações da Petroquímica União, em Capuava, passaram pelas pranchetas de Raymond e seus colegas da Fichet, um total de 25 desenhistas, subdivididos em grupos de cinco.

Seguem-se as lembranças deste francês esportista, ciclista em seu país, praticante de corridas a pé ainda hoje no Parque Celso Daniel, aos 86 anos.

Ainda havia

os trilhos

dos bondinhos

dos Pujol

- Cheguei a ver na Avenida Industrial os trilhos do bondinho que, no passado, passava na via, em frente à Fichet.

NOTA – Sr. Raymond não viu o bondinho em operação, o que ocorreu na década de 1920, quando da abertura das atuais Avenidas Dom Pedro II e Industrial e dos vários bairros ao longo das vias. Para promover a venda dos lotes, os Pujol construíram uma estrada de ferro de meia bitola para os chamados trenzinhos ou bondinhos que levavam o nome dos três irmãos Pujol. Os veículos seguiam entre as estações de Santo André e São Caetano, com um ramal até São Bernardo.

- A Fichet sofreu muito com as enchentes do Tamanduateí. Alagava tudo, até o portão de entrada.

- Eu morava na Rua das Caneleiras, numa das duas casas que pertenciam à Fichet. Ali morei nos meus oito anos de contrato. Não pagava aluguel. Depois comprei a minha própria casa.

- Por morar perto da fábrica, e por ser francês, nunca cheguei atrasado ao serviço. Era preciso dar o exemplo. A Fichet empregava muita gente. Vinham colegas de Santa Terezinha e outros bairros. Muitos moravam em São Paulo. Desciam no Centro e vinham a pé até a fábrica.

- Não havia restaurante, apenas um refeitório. Então os que moravam longe traziam marmitas.

- A Fichet trabalhava para todas as indústrias automobilísticas fabricando estruturas metálicas, ampliando galpões da Willys-Overland, General Motors.

- Não lembro de nomes de colegas, mas dos apelidos. Nas fábricas todos eram chamados pelos apelidos. O meu, claro, era ‘Francês’.

- Fui ciclista na França, mas nunca cheguei a campeão. Hoje formo entre os ‘Garotos do Parque’ (Celso Daniel). Eu fazia dez quilômetros por dia, agora me contento com três ou quatro quilômetros. E faço ginástica, mexendo com todas as artérias do corpo.

- Quando venceu o meu primeiro contrato de quatro anos na Fichet, ele foi renovado por mais quatro. Depois continuei normalmente trabalhando. Lembro de um engenheiro alemão e da sua expectativa do futuro.

– Sr. Raymond, um dia não vai ter mais desenhista na fábrica.

– Por que o senhor acha isso?

– Porque agora entra a era dos computadores. Um desenhista vai bastar para substituir os 25 da Fichet. Vocês podem errar, são humanos. O computador não erra. Um único funcionário verifica tudo antes de jogar no computador. E com a informática os desenhos sairão perfeitos.

- É isto o que ocorre hoje. Cheguei à conclusão que não servia para nada, entendeu?

Diário há 30 anos

Domingo, 7 de abril de 1985 - ano 27, nº 5793

Santo André – Grandes avenidas, viadutos, um centro vertical que busca os céus. A honra de ser sede neste ano dos 50º Jogos Abertos do Interior. Santo André apresenta a ostentação de uma capital e supera muitas delas em número de habitantes. Seu poderio de arrecação, porém, esvai-se ferido por uma injusta divisão do bolo do orçamento.

O Prefeito – Newton Brandão comemora o aniversário da cidade pensando já no ano 2000.

Em 8 de abril de...

1553 – O povoado de Santo André da Borda do Campo é elevado à categoria de vila. Antonio d’Oliveira, loco tenente de Martim Afonso, acompanhado do provedor da Fazenda, Braz Cubas, levanta pelourinho na povoação fundada por João Ramalho e dá-lhe o nome de Vila de Santo André.

1895 – Governo do Estado estudava a implantação definitiva da Hospedaria dos Imigrantes em São Bernardo. Seriam ouvidos os fazendeiros mais importantes do Estado e nomeada uma comissão para organizar a planta e o orçamento. Na verdade, a hospedaria definitiva seria instalada no bairro do Brás, onde está até hoje.

1915 - A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘Aviadores franceses bombardeiam um trem militar de Marbach a Willingen na Floresta Negra.

1965 – News Seller publica suplemento a cores dedicado ao aniversário de Santo André.

1970 – Cascata de fogos na noite de Santo André, o Paço como cenário.

1975 – Desfile escolar de Santo André reúne 3.000 estudantes de 33 escolas na Avenida Perimetral.

Hoje

- Dia Mundial da Luta contra o Câncer

- Dia do Profissional de Marketing

- Dia da Natação

Santos do dia

- Na estampa, Júlia Billiart (1751 – 1816). Francesa. Fundou a Congregação das irmãs de Nossa Senhora de Namur.

- Edésio

- Máxima

- Valter de Pontoise.

Municípios Paulistas

- Aniversariam hoje: Santo André e Amparo.

Capital Brasileira

- Cuiabá, fundada em 1727. 




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