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Trabalho sobre proteína vence o Nobel de Química
Da AFP
08/10/2008 | 10:39
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A Real Academia Sueca anunciou que o japonês Osamu Shimomura e os americanos Martin Chalfie e Roger Y. Tsien são os vencedores do Prêmio Nobel de Química por seus trabalhos sobre as proteínas.

Os três foram premiados pela descoberta e desenvolvimento da GFP (Proteína Verde Fluorescente) observada nas águas-vivas a partir de 1962, que foi essencial para o desenvolvimento da bioquímica, segundo o júri do Comitê Nobel.

"Esta proteína se transformou em um dos mais importantes instrumentos utilizados pela bioquímica moderna", afirmou o júri.

"Com a ajuda da GFP, os cientistas desenvolveram meios para observar processos que antes eram invisíveis, como o desenvolvimento das células nervosas no cérebro e o desenvolvimento das células cancerígenas", acrescenta o Comitê.

Estas proteínas são utilizadas pelo papel que desempenham na hora de estudar os genes.

Osamu Shimomura, nascido em 1928 e hoje professor emérito do Laboratório de Biologia Marinha Woods Hole e da Universidade de Boston, (ambos nos EUA). Após a base lançada pelo japonês de Kyoto, Martin Chalfie, nascido em 1947 e professor da Universidade Columbia, (em Nova York) e Roger Tsien, nascido em 1952 e professor da Universidade da Califórnia em San Diego, desenvolveram as principais aplicações biotecnológicas da GFP.

A proteína é originalmente produzida por medusas. Shimomura foi o primeiro a isolar a GFP e verificar que ela brilhava com aquela bela cor esverdeado-fluorescente sob luz ultravioleta ou azul.

Martin Chalfie, ao ficar sabendo das propriedades da proteína nos anos 1980, se perguntou se ela não poderia ser usada como uma etiqueta biomolecular. Como ela absorve e emite luz sozinha, sem nenhuma reação química, a GFP seria ideal para acompanhar fenômenos no interior dos seres vivos. 

Bastaria acoplar o gene que contém a receita da GFP a outro gene de interesse, colocando ambos debaixo do comando de um mesmo promotor, ou interruptor genético. Os pesquisadores conseguiriam acompanhar no microscópio, ou mesmo a olho nu, se o gene no qual estão interessados realmente fica ativado no organismo. Também seria possível visualizar a interação entre as proteínas no organismo ou acompanhar o destino de células marcadas com GFP ao longo de sua divisão, desenvolvimento e morte.

Após algumas peripécias, Chalfie conseguiu todos esses feitos, demonstrando o potencial marcador da GFP no famoso verme microscópico C. elegans, muito usado pelos biólogos para estudar fenômenos básicos do metabolismo em laboratório. Hoje é um bocado comum ver mamíferos inteiros ou aos pedaços (certos órgãos ou tecidos, por exemplo) serem marcados com a GFP, em experimentos ou até em instalações de arte contemporânea. Aparentemente, a alteração transgênica é totalmente inofensiva para os bichos.  

Em 2007, o Prêmio Nobel de Química foi atribuído ao alemão Gerhard Ertl pelos resultados de seus estudos que foram aplicados na indústria, desde fertilizantes até tubos de escapamento catalítico.

Na terça-feira, o Nobel de Física foi concedido aos japoneses Makoto Kobayashi, 64 anos e Toshihide Maskawa, 68, além do americano nascido no Japão Yoichiro Nambu, 87, pelos trabalhos que permitiram compreender melhor a origem do Universo.

O de Medicina abriu a temporada na segunda-feira, ao premiar o alemão Harald zur Hausen e os franceses Françoise Barré-Sinoussi e Luc Montagnier por seus trabalhos sobre os vírus responsáveis pelo câncer de colo de útero, no caso do primeiro, e da Aids para os dois últimos.

A semana do Prêmio Nobel prossegue com o anúncio do vencedor de Literatura na quinta-feira, o da Paz na sexta-feira e o de Economia na próxima segunda-feira.

Os prêmios serão entregues oficialmente durante uma cerimônia celebrada em Estocolmo e Oslo no dia 10 dezembro. Os vencedores receberão uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 10 milhões de coroas suecas (US$1,52 milhão), que pode ser dividido entre três vencedores em cada categoria.

 

 




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