Cultura & Lazer Titulo
Peter Brook conta sua parte na história do teatro
Mauro Fernando
Da Redaçao
19/08/2000 | 16:27
Compartilhar notícia


Fios do Tempo (Bertrand Brasil, 312 págs., R$ 39) nao é uma autobiografia, esclarece o autor Peter Brook logo no primeiro parágrafo do livro. Um dos maiores nomes mundiais do teatro, ópera e cinema, Brook deixa de lado aspectos pessoais e foca suas memórias no trabalho. E é justamente esta a grande virtude da obra: o diretor inglês expoe suas impressoes sobre a arte e a vida.

A narrativa flui pelo tempo, embora o autor, nascido em 1925, raramente cite datas e retorne a assuntos já abordados. Com um impressionante currículo, que inclui montagens históricas de Rei Lear, Sonho de uma Noite de Verao, Mahabharata, A Tempestade, O Homem Que e Dias Felizes, Brook ainda tem a humildade de confessar erros e reconhecer fracassos.

O diretor revive sua trajetória profissional desde a primeira tentativa de encenaçao teatral. O que inclui a tumultuada fundaçao da Oxford University Film Society e o mal sucedido emprego de roteirista publicitário. A maneira livre e insolente, completamente fora dos padroes ingleses, com que dirigiu seus primeiros espetáculos logo lhe rendeu a fama de enfant terrible.

A guerra contra a bolorenta tradiçao operística e o teatro convencional marca sua carreira. A mente sempre aberta para a vanguarda originou sua adesao à quebra do conceito teatral das "duas salas" (palco e platéia) e conseqüente integraçao entre atores e espectadores.

O International Centre of Theatre Research, talvez sua maior contribuiçao às artes cênicas, surgiu em 1971, em Paris. O diretor escolheu a cidade por causa do ambiente mais propício às experiências radicais que pretendia iniciar, baseadas na improvisaçao.

As pesquisas desenvolvidas levaram o grupo formado por pessoas de diversas origens culturais a viajar para Africa, India, Oriente Médio e se apresentar em aldeias perdidas no mapa. Daí surgiram a concepçao de teatro como "metáfora que ajuda a tornar claro o processo da vida" e a procura pela resposta de uma questao fundamental: por que (e nao como) sobreviver.

A busca pelo aperfeiçoamento espiritual, que Brook conclui incompleta, é outro tema de Fios do Tempo. A frivolidade da vida social é mais um ponto que ele aborda. No início, relata, achava coquetéis, festas e jantares necessários à vida artística, mas depois percebeu que compromissos assim sao descartáveis.

O diretor revela também sua relaçao nem sempre profícua com alguns atores e autores famosos. Um índice remissivo e 27 fotos em preto- e-branco acompanham o texto.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;