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ABC tem mostra de Visconti
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
30/04/2003 | 20:26
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No afã de manifestar sua revolta contra o seio arrivista em que foi criado, Cazuza (1958-1990) reconheceu em Burguesia: “Sou burguês”. Mas, na mesma estrofe, emendava: “Sou artista (...) e também cheiro mal”. A respeito de Luchino Visconti, o mesmo pode ser dito se, em vez de burguesia, colocá-lo à sombra da aristocracia italiana. Demorou até o reconhecimento de seu avanço à carne das classes dominantes. O Teatro Lauro Gomes, em São Bernardo, mostra dois importantes filmes do cineasta a partir desta quinta-feira.

Visconti (1906-1976) era sangue azul, de herança aristocrato-apostólica. Buscou Lampedusa, o escritor, ao levar a decadência dos nobres italianos para as telas com O Leopardo (1963), exibido quinta-feira e sábado. A revolução popular de 1860 que é retratada tenta não só tomar o poder, mas estabelecer um novo tratado entre ricos e pobres, uma planificação da capacidade de aquisição na sociedade.

Sexta-feira e domingo são os dias de exibição de Rocco e Seus Irmãos (1960), obra-prima que custou a convencer a intelligentsia da época, comprometida com as revoluções artísticas dos anos 60. A principal resistência dizia respeito à construção dramática da fita, de fundo operístico em cinco capítulos, um para cada irmão da família Parondi, migrantes que trocaram o sul paupérrimo pela abastada Milão. Seria um absurdo admitir uma manifestação burguesa (a ópera) para expressar a distância interclasses. Visconti colore de melodrama o debate, protagonizado pelos irmãos Rocco (Alain Delon) e Simone (Renato Salvatori) e pela prostituta Nadia (Annie Girardot). Bravo!

Mostra Luchino Visconti – De quinta-feira a domingo, sempre às 19h. O Leopardo: quinta-feira e sábado; Rocco e Seus Irmãos: sexta-feira e domingo. No Teatro Lauro Gomes – r. Helena Jacquey, 171, São Bernardo. Tel.: 4368-3483. Ingr.: R$ 2 (grátis para maiores de 50 anos).




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