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Conflito na Chechênia pode durar anos, dizem especialistas
Do Diário do Grande ABC
07/02/2000 | 14:11
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A queda de Grozny nao significa o fim da guerra na Chechênia, já que o conflito pode durar ainda vários anos, segundo especialistas militares, que nao compartilham o otimismo de Moscou, após a ``libertaçao' da capital chechena.

Enquanto a bandeira russa ondeia desde domingo sobre as ruínas de Grozny, o ministro das Relaçoes Exteriores, Igor Ivanov, aludiu à ``perspectiva de uma próxima soluçao' do conflito e o general Valeri Manilov, chefe adjunto do Estado-Maior, anunciou que preparava a retirada de uma considerável parte das tropas deslocadas para a Chechênia.

Estas declaraçoes otimistas deixaram céticos vários especialistas, como o ex-ministro do Interior, general Anatoli Kulikov, comandante das tropas russas durante a primeira guerra da Chechênia (1994-1996): ``Uma etapa difícil terminou, mas a guerra pode durar ainda vários anos', assegurou o general citado esta segunda-feira pelo jornal Segodnia.

Compartilha do mesmo pessimismo Iuri Gladkevitch, da agência de informaçoes militares AVN: ``Dizer que a parte essencial da operaçao na Chechênia está terminada é bastante apressado. É insensato falar de prazos quando um exército enfrenta uma guerrilha. Isso pode durar anos, inclusive uma década'.

``A guerra na Chechênia nao terminou com a queda de Grozny. Vai continuar durante vários anos', disse por sua vez o general Arkady Baskaiev, responsável das tropas do ministério do Interior para a regiao de Moscou, em reuniao com um dos especialistas militares russos, Pavel Felgenhauer.

Felgenhauer previu um futuro sombrio para as tropas russas na Chechênia: ``os rebeldes vao aproveitar as deficiências do exército russo para lançar ofensivas humilhantes e eficazes'.

Apesar de o General Manilov ter informado na sexta-feira sobre uma reduçao das tropas russas na Chechênia, vários especialistas consideraram que Moscou nao tem tropas suficientes no terreno para combater e controlar realmente ``os territórios libertados', em quase 90% da Chechênia.

Para Felgenhauer, Moscou precisaria de pelo menos 400 mil homens, em vez do dispositivo atual, que conta oficialmente com 93 homens dos ministérios do Interior e da Defesa.

O otimismo de Moscou está vinculado às próximas eleiçoes presidenciais de 26 de março, que tem como grande favorito o presidente interino, Vladimir Putin.

Os militares anunciaram o fim da guerra para antes das eleiçoes, o que permitiria a Putin -que lançou a operaçao na Chechênia- se apresentar junto aos eleitores em melhores condiçoes.

Mas os russos iniciam agora a parte mais difícil de sua intervençao: 10 mil combatentes chechenos, segundo os cálculos russos, se refugiaram nas zonas montanhosas do Sul, um terreno que favorece operaçoes de guerrilha.

``Inclusive se todo o território ficar sob controle russo, isso nao significa vitória. Os generais russos nao podem fazer nada contra as táticas chechenas', assegurou um especialista militar do semanário Vlast, se referindo à primeira guerra chechena (dezembro/ 94 a agosto/96).

Como ainda acontece, os russos haviam conquistado a zona da planície e as cidades, mas foram fustigados pelos chechenos entrincheirados nas montanhas. Os rebeldes multiplicaram as operaçoes nas zonas ``libertadas', obrigando finalmente Moscou a negociar com Grozny e a retirar suas tropas da Chechênia.




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