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Criador de Robin e Coringa dá palestra em SP
Do Diário do Grande ABC
03/06/1999 | 14:34
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Quando este homem criou Robin, o Coringa a Mulher-Gato e outros personagens já clássicos da galeria dos quadrinhos, tinha apenas 17 anos. Era, ele mesmo, um "boy wonder", um menino-prodígio, descoberto pelos experimentados Bob Kane e Bill Finger. Mas isso foi em abril de 1940 e, desde entao, Jerry Robinson vem engrossando uma longa folha corrida de serviços prestados à causa dos comics, tirando-os dos domínios exclusivos da pulp fiction e profissionalizando o setor. É, ainda hoje, representante de um syndicate, associaçao de cartunistas que negocia tiras de comics com jornais do mundo inteiro.

Desde a semana passada no Brasil, Jerry Robinson está em Sao Paulo para uma palestra sexta-feira à noite, no Sesc Consolaçao. Robin, ele conta, nasceu de uma associaçao de imagem com o personagem Robin Hood e também da necessidade de Batman deixar de ser um soturno e solitário personagem para ter um "sidekick" - um parceiro.

Nos anos 50, um psiquiatra tresloucado, Frederic Wertham, afirmou que a amizade entre os dois paladinos da Justiça tinha algo de suspeito. Depois, a série de TV Batman, que tinha Burt Wart como Robin, colaborou para celebrizar a suspeita. Robinson apenas se diverte. "Eles sao só amigos", diz. "Entao dois homens nao podem ser amigos?"

Nos anos 40, além dos já citados personagens, Jerry Robinson despejou uma avalanche de viloes esquisitos no caminho do Batman: o Pingüim, o psicanalítico Duas Faces (alter ego de um promotor de Justiça), Edward E. Nigma (o Charada, encarnado no cinema por Jim Carrey), o Espantalho, o Camaleao, o Mosqueteiro, Tweedledee e dezenas de outros.

Passados 59 anos, Jerry Robinson sabe que as criaturas da noite dos tempos atuais nao têm mais o altruísmo do Batman nem o bom humor que o Coringa tinha nos anos 50. Ele próprio viu suas criaçoes se transmutarem pelos tempos. O Coringa ganhou uma biografia definitiva na graphic novel A Piada Mortal (The Killing Joke), já publicada no Brasil. Robin, na pele de Chris O'Donnell, ganhou armadura metálica e skates com propulsores para cruzar os céus de Gotham City.

Batman e seus parceiros têm vivido ciclos de popularidade ao longo dos anos. Entre seu nascimento, em 1940, e seus renascimentos - em 1966 (graças à série de televisao ABC, que está até hoje sendo reprisada) e em 1988, depois da publicaçao de O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller -, Batman passou por grandes mudanças. Com Robin nao poderia deixar de ser diferente.

Robinson, Bob Kane e Bill Finger criaram o personagem pensando em dar um ar mais humano ao combatente do crime. Mas Dick Grayson, o Robin original, cresceu e acabou sendo cooptado por outra turma de heróis. Adotou novo nome, Asa Noturna, e deixou Bruce Wayne de novo procurando companhia. Veio um segundo Robin, Jason Todd, que foi assassinado pelo Coringa numa seqüência traumática dos quadrinhos, em sua fase revisionista dos anos 80 e início dos 90.

Em O Cavaleiro das Trevas, o lugar vago do fauno Robin foi assumido por uma menina. Batman entao estava cinqüentao, vivendo como um aposentado e com um mau humor crônico. Mas a garota nao conseguiu emplacar e sobreveio um novo Robin, Timothy Drake.

Robinson chega sexta-feira a Sao Paulo. Esteve no Recife, onde participou do 1.º Encontro Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco, e no Rio de Janeiro, onde negociou com a produtora Scriptorium (de Marisa Furtado e Paulo Serran) a realizaçao de um documentário sobre a sua vida e obra. A Scriptorium está produzindo uma série chamada Profissao Cartunista. O primeiro documento da série foi o trabalho do pioneiro Will Eisner, autor do Spirit.




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