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Presos tentam fugir por túnel na Cadeia de Diadema
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
02/10/2003 | 22:12
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Uma tentativa de fuga frustrada resultou em um quebra-quebra na cadeia pública de Diadema, nesta quinta-feira de manhã, expondo mais uma vez o problema da superlotação carcerária na região. Por volta das 4h30, carcereiros flagraram os detentos cavando um túnel. A ligação, que estava em fase de conclusão, permitiria o acesso de uma das celas à caixa de esgoto da cadeia, localizada na área externa do prédio. Após terem o plano de fuga descoberto, os presos se amotinaram. Portas de ferro de seis das dez celas foram quebradas. Cerca de 30 sacos de terra retirados de dentro do túnel também foram expostos no pátio destinado ao banho de sol.

O princípio de rebelião terminou por volta das 5h30. Até a noite desta quinta-feira, os 328 detentos da cadeia – que tem capacidade para 60 homens – circularam com liberdade entre as celas e o pátio. A tranca nas celas não aconteceu. “Precisamos consertar estas portas para poder retomar a rotina”, afirmou o diretor da cadeia e delegado titular do 1º Distrito Policial de Diadema, anexo à cadeia, João Alves de Almeida. Segundo o delegado seccional da cidade, Sérgio Abdala, a reforma deve ser feita nos próximos dias.

Túnel – Uma luz acesa denunciou o plano de fuga. Os carcereiros se surpreenderam com a luminosidade no interior da caixa de esgoto. Ao abrirem a tampa, se depararam com um buraco com cerca de 30 cm de diâmetro. Descorberto, um detento que trabalhava nas escavação retornou rapidamente para a xadrez número dois, na outra extremidade do túnel, e alertou seus companheiros de cela. Os 36 presos que passavam a noite no buraco deram início ao quebra-quebra. Em pouco tempo, os presos de outras celas se solidarizaram com o grupo.

Além de quebrar as portas de ferro, os homens empilharam no pátio vários sacos de terra retirados de dentro do túnel. “Eles costumam guardar estes sacos em várias celas, para não levantar suspeita. Outra técnica é cavar galerias ao longo do túnel para depositar o material”, disse um carcereiro, que não quis ter a identidade revelada. A extensão total dos danos gerados na rebelião seria verificada após a revista da cadeia, que estava prevista para o fim da noite desta quinta-feira.

A partir da caixa de esgoto, os carcereiros puderam verificar as proporções do túnel. O espaço possui cerca de quatro metros de extensão. Sua extremidade na cela estava localizada ao lado do boi, nome dado ao banheiro do xadrez. O buraco era camuflado por objetos pessoais dos presos. Em seu interior, o túnel ganhava grandes proporções. Em alguns pontos, seu diâmetro chegava a 1,70 m.

“Acredito que, caso ele não fosse descoberto, os presos poderiam fugir entre a noite de hoje (quinta-feira) e a madrugada de amanhã (sexta-feira)”, disse o diretor da cadeia. O túnel foi vedado no fim da tarde desta quinta-feira.




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