Os operários, dos menos aos mais graduados, são os pilares das grandes organizações. Nenhuma delas faz sucesso sem a dedicação de seus colaboradores. Exatamente por isso causa estranheza a maneira infeliz como a Pirelli lidou com seus trabalhadores no episódio da venda da companhia a grupo chinês. Sem se preocupar com o impacto que a negligência causaria em seu público interno, a empresa não comunicou antecipadamente o negócio aos 2.500 funcionários da unidade andreense. O temor em relação ao futuro estampa o rosto de cada um.

Se não cuida de fazer a lição de casa, dialogando e acalmando os próprios colaboradores, o que esperar do futuro da companhia quanto ao seu relacionamento com o Grande ABC? É natural que negociações dessa monta gerem especulações. Mas o setor de comunicação da fabricante de pneus parece não se importar com a opinião pública.

A incerteza gerada em solo andreense pelo anúncio chega em péssima hora para as sete cidades, exatamente no momento em que sofrem os efeitos recessivos de ajuste econômico federal. Eventual corte de funcionários prejudicaria ainda mais a economia regional, que já anda cambaleando devido aos efeitos da desindustrialização.

Para piorar o caso, chama a atenção a inércia da secretária andreense de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Oswana Fameli (PRP). Enquanto a cidade está em polvorosa, ela lava as mãos. Dois dias após a divulgação da história, ela sequer procurou a diretoria da Pirelli em busca de esclarecimento, como se o assunto não lhe dissesse respeito.

Enquanto as autoridades dormem em berço esplêndido, nas rodas de conversa no município já se aventa, inclusive, a hipótese de a empresa deixar Santo André, onde se encontra há 86 anos, em busca de endereço onde encontre menos impostos e mão de obra mais abundante e barata. A China, por exemplo, onde fica a nova dona da Pirelli.