Cultura & Lazer Titulo Mostra internacional
Espetáculo 'Arquivo' tem apresentação até este domingo
13/03/2015 | 08:00
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Arquivo, de e com Arkadi Zaides, o único espetáculo de dança da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo 2015, que vai até domingo, 15, conversa muito de perto com O Corpo Marcado pela Guerra, texto que Rabih Mroué, ator, diretor e ativista, publicou em 1999 no jornal libanês Annahar. Refletindo sobre a relação do teatro com a guerra no seu país, comentava que era impossível evitar, na construção de personagens, as reações físicas dos atores quando ouviam disparos. "O corpo da guerra é o das contradições", diz, chamando a atenção para o fato de a guerra criar energia que era preciso saber controlar.

Arkadi dança com o material produzido em vídeo por voluntários do Projeto Câmera, criado em 2007 por B?Tselem, o Centro de Informação para os Direitos Humanos nos territórios ocupados por Israel. Palestinos filmam israelenses. Vemos o que eles veem, pelas escolhas da edição de Arkadi. O corpo palestino está atrás da câmera, filmando e, ao mesmo tempo, ali, na sua frente, instaurado em cada embate produzido pelo seu jeito de mostrar o seu mundo.

Nessa fricção tensa de quem olha quem, entramos nós, os que assistem ao espetáculo e aquilo que ele nos propõe. Arquivo mostra nossa posição de exterioridade, que revela uma distância impeditiva. Não compreendemos o que é dito em árabe nem em hebraico. Compreendemos o que acontece ali?

Ao optar por não traduzir o que é dito, Arkadi se coloca e nos coloca no lugar no qual cada um de nós cabe. Faz isso com uma dança que busca acontecer com o corpo da guerra. Não com o corpo que vive no cenário da guerra, como o que Ohad Naharin, com quem dançou por 4 anos, burilou tão competentemente. Vem dele esse outro corpo, mais esgarçado pela urgência de impedir que a banalização da violência da guerra o pasteurize ou transforme em mercadoria publicitária. Sua dança parece se inscrever nessas misturas todas, nas quais também irrompem as outras, as danças tradicionais, urbanas, sociais e cênicas, das quais restam somente fiapos, como tudo o que a guerra devasta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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