Carlos Boschetti Titulo Análise
Petróleo, gasolina, Petrobras e Petrolão
Carlos Boschetti
26/02/2015 | 07:19
Compartilhar notícia


Estamos vivendo uma nova ordem mundial no que se refere à commodity mais procurada e disputada do planeta. Claro que estamos falando do ouro negro, produto responsável pela expansão econômica, industrial e de consumo. Vemos uma grande mobilização internacional na busca de fontes alternativas e renováveis e pela redução gradativa da dependência dos grandes produtores e exportadores, que regulam o mercado e estabelecem cotas de produção e patamares de preço para o mercado mundial. Os aportes em pesquisa e, principalmente, a nova matriz americana, de explorar suas maiores reservas de xisto nos últimos dez anos, reduziram substancialmente a importação de petróleo. O aumento dos investimentos em geração de energia elétrica através de fazendas de produção de energia eólica, e a implantação de painéis células de energia solar, afetaram o comércio internacional de energia.

Os grandes produtores, como a Arábia Saudita, preocupados com a tendência mundial e o impacto em futuro estratégico, implantaram nova política de preço do barril de US$ 100, para patamar de abaixo de US$ 50, desestabilizando o mercado e afetando positivamente e negativamente a economia global. Os países de economia aberta e os mercados regulados pela oferta e demanda derrubaram o preço dos combustíveis imediatamente. O litro de gasolina no território americano é oferecido por menos de um real nos postos.

Com isso, todos os projetos de prospecto e exploração de nossas reservas estão comprometidos e ameaçados pela grande oferta no mercado produtor e pela inviabilidade econômica de novos projetos de produção. O Brasil ainda é importador, apesar da redução do valor do preço de petróleo em aproximadamente 50%. O Brasil, como está sempre na contramão da tendência mundial, por sua vez, autorizou aumento de combustíveis, como no caso da gasolina, para novo patamar de R$ 3 por litro nos postos de combustíveis, usando mais uma vez o consumo de gasolina como instrumento de arrecadação de impostos para cobrir o rombo dos gastos do governo.

Durante os dois últimos anos, com uma política antiinflacionária, a antiga equipe econômica usou os preços administrados como tentativa de controlar a tendência de alta e recusou os pedidos de aumento pleiteado pela Petrobras, o que gerou crise profunda de caixa na empresa e comprometeu os planos de expansão. Adicionalmente, o País foi mais uma vez surpreendido pela Operação Lava Jato, que foi carinhosamente apelidada de Petrolão. Ela trouxe a público o maior esquema de corrupção do mundo, envolvendo os poderes Executivo e Legislativo, criando verdadeira mobilização política e econômica, inviabilizado uma das TOP 10 empresas do mundo, que foi reduzida a frangalhos com perda estimada de mais de R$ 80 bilhões, equivalente a mais de dez anos do tão falado Bolsa Família.

Os investidores internacionais estão se mobilizando e vamos enfrentar os mesmos fundos que estão deixando nossos hermanos mergulhados na maior crise econômica da história da Argentina e sem expectativa de recuperação de médio prazo.

O desemprego, preços disparando, inflação e novas tentativas de aumento da carga tributária já estão aí. Como todos sabem, o ano só começa após o Carnaval. Vamos esperar para ver. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;