Está marcada para segunda-feira a demolição de nove casas situadas na Travessa Cuba, na Vila Mulford, em Diadema.Os imóveis ocupam uma área pública sob gestão da Ecovias, concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes.
Segundo a Ecovias, os terrenos, localizados na altura do km 16 da Rodovia dos Imigrantes, apresentam risco iminente de desmoronamento. As moradias são resultado de ocupações irregulares, e por isso serão removidas, como previsto em liminar concedida pela Justiça.
Para o ajudante de maquinista José do Carmo Marinheiro, 43 anos, que residia na rua há 25 anos, a reintegração de posse da área é ilegal. "Apesar da decisão da Justiça, a Ecovias deveria analisar a real situação dos moradores. Muitos possuíam apenas aquele bem e eles querem demolir sem pensar no que vai ocorrer conosco. Inicialmente nos disseram que seríamos encaminhados para programas habitacionais do Estado, mas até agora nada", desabafou. "Sabíamos que o terreno não nos pertencia de fato, mas construímos uma vida lá e isso não pode ser ignorado."
O Movimento de Moradia de Diadema informou que vai fazer o possível para impedir a reintegração de posse da área.
Segundo uma das líderes do grupo, Salete Henrique de Oliveira, os moradores farão uma nova manifestação na segunda-feira. "Não vamos deixar que as casas sejam demolidas. Enfrentaremos quem quer que seja com coragem, mesmo que haja confronto", disse.
A Ecovias afirmou, por sua vez, que "todas as pessoas foram alertadas sobre os riscos devido à instabilidade do terreno e que houve tentativa de uma retirada amigável". Além disso, a medida visa garantir a segurança dos moradores, já que um novo deslizamento de terra poderia gerar "consequências gravíssimas", segundo nota. A reintegração de posse, marcada para começar às 5h30, terá apoio da Polícia Militar.
DEFESA - A Prefeitura de Diadema informou que a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano, por meio de seus assistentes sociais e técnicos, realiza o acompanhamento permanente dos moradores da Vila Mulford.
Além disso, o processo de defesa das famílias é atendido pela Assistência Judiciária Municipal e tem como proposta dialogar sobre alternativas para que as casas não sejam demolidas.
As tratativas vêm sendo realizadas com a Ecovias, CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), Secretaria Estadual de Habitação e a Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo). Até agora, nenhum acordo havia sido firmado.
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