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E Diadema elege o seu primeiro Rei Momo

A fim de se festejar o Carnaval nesta localidade...

Ademir Medici
17/02/2015 | 07:00
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“A fim de se festejar o Carnaval nesta localidade (Santo André, então Distrito de São Bernardo), organizou-se uma comissão composta dos senhores Cesário Zanella, Carlos Stamato e Gennarino Daniel”.

Cf. Jornal do Commercio, 17-2-1925.

“Momo está se aproximando, macacada! E com ele a hora de cair na farra, de queixo, e tratar de esquecer as tragédias desta vida. São apenas três dias dedicados à loucura máxima. É lícito, pois, que cada um ponha a vergonha de banda e trate de se divertir.”

Cf. O São Bernardo, fevereiro de 1935.

“Último dia! Ultima noite. Por iniciativa de algumas famílias que tiveram seus carros enfeitados no corso da Avenida (Paulista), será hoje levado a efeito um grande cortejo de carruagens no Triângulo.”

Cf. O Estado de S. Paulo, 16-2-1915.

Nota – Triângulo, no caso, é o Centro velho de São Paulo, delimitado por espaços como o Largo São Bento, Praça da Sé e Largo São Francisco.

“Antigamente, quando ainda não havia cinema, futebol e a necessidade de ir passar os dias de folga fora da Capital, ainda o paulistano fazia algumas concessões a Momo. As máscaras eram feitas de massa e cheiravam a naftalina. Mas havia outras, as de pano, que sufocavam o folião, e as de tela de arame, muito caras para a época, que lhe asseguravam a facilidade da respiração.”

Cf. O Estado de S. Paulo, 6-2-1945.

O ano de 1985 marca a eleição, posse e mandato do primeiro Rei Momo de Diadema. Oscar Carvalho, supervisor de vendas de uma indústria farmacêutica, 46 anos e 151 quilos, vivia a sua primeira experiência como Rei Momo, já com planos de reeleição para o Carnaval 1986.

Jornalista Ivone Santana cobriu o Carnaval de Diadema 30 anos atrás para o Diário, dando uma pausa às coberturas rotineiras que fazia na área política. E testemunhou o desfile de abertura, no sábado de Carnaval, realizado na referencial Avenida Antonio Piranga.

Lá entrevistou o Rei Momo, sempre acompanhado de “duas mulatas que arrebataram as atenções de adolescentes e adultos”, escreveu Ivone, referindo-se à rainha e princesa de Diadema.

Não havia concurso entre as agremiações. Nos quatro dias de Carnaval, a presença de escolas de samba do Grande ABC e São Paulo. Entre elas a da Vila Alice, de Diadema mesmo, que faria história pelos anos e décadas seguintes.

Os desfiles davam voltam pela Avenida Fábio Eduardo Ramos Esquivel. A cada participante, um troféu de participação. “Algumas que desfilaram eram simples e pobres, o que não tirou o encanto das fantasias e da música e, muito menos, a gratidão do povo pelo espetáculo”, testemunhou Ivone Santana.

O Carnaval de rua engatinhava em Diadema, mas uma tradição ia sendo construída, a do baile popular, aberto, gratuito, realizado no estacionamento do supermercado O Barateiro, no coração da cidade.

E EM RIO GRANDE DA SERRA...

Do outro lado do Grande ABC, jornalista Marli Romanini cobriu o Carnaval de Rio Grande da Serra. E esteve no bairro Santa Tereza. Pela segunda vez a Sociedade Amigos deste bairro organizava Carnaval na Avenida São Bento, em frente à sua sede, na verdade, uma garagem provisoriamente cedida por um dos membros da SAB. Marli foi anotando:

- A decoração lembrava mais festa junina do que Carnaval. A rua estava enfeitada com bambus e bandeirinhas coloridas – danificadas pela forte chuva de sábado – mas o som era bem característico desta época do ano: samba e frevo transmitidos pela aparelhagem de som conseguida entre os moradores do bairro.

- As famílias se acomodavam em muros e escadas improvisadas como bancos, enquanto jovens e crianças pulavam sem parar, num movimento anti-horário.

- Os foliões usavam roupas muito simples. Nenhuma fantasia, somente shorts, bonés e uns poucos colares havaianos.

- Duas barracas vendiam bebidas alcoólicas. Se alguém ficava muito bêbado e começava a perturbar, era carregado para casa, sem maiores dificuldades. Afinal, todos se conheciam.

A RIQUEZA DAS MATINÊS...

- O General Motors EC promoveu bailes e matinês no Buso Palace, que não existe mais; na animação, a Orquestra de Roberto Ferri.

- O Primeiro de Maio contratou Milani e sua banda e reviveu velhos carnavais, depois de dez anos sem promoções carnavalescas.

- A Associação dos Funcionários Públicos de São Bernardo buscou na moda new wave inspiração para a decoração dos dois salões para receber até 4.500 foliões. Houve concurso de fantasias, sem necessidade de prévia inscrição, informava a jornalista Liliana Pinheiro.

Diário há 30 anos

Domingo, 17 de fevereiro de 1985 – ano 27, nº 5752

Manchete – CNBB combate a fome na Campanha da Fraternidade 85. Como lema, ‘Pão para quem tem fome’

Santo André – Prefeitura vai recuperar Paço Municipal.

Economia – Cartão de crédito, um jeito de ganhar com a crise. Elianete Simões mostrava que o interesse pela nova forma de pagamento cresceu nos últimos meses. Mas lojistas entendiam que havia algumas desvantagens.

Futebol – Copa São Paulo: ontem, no Baetão, EC São Bernardo 1, Jabaquara 0, gol de Joãozinho.

Polícia – Quadrilha de caranguejeiros (puxadores de carros) é descoberta em Santo André.

Em 17 de fevereiro de...

1915 – O secretário de Agricultura do Estado, Paulo de Moraes, realiza viagem de inspeção aos serviços de reconstrução da Estrada do Vergueiro, de São Paulo a Santos, passando por São Bernardo. O trecho mais dificultoso é o da serra. A viagem durou cerca de seis horas, entre ida e volta. O retorno foi mais difícil, pois o automóvel precisava parar em vários trechos da serra para refresco do motor.

1970 – Volkswagen Clube convidado a participar do 2º Campeonato Paulista de Futebol Dente de Leite, promovido pela TV Tupi.

- Santo André candidata-se a sediar os 35º Jogos Abertos do Interior.

1975 – Realizada a primeira operação comercial (remunerada) da primeira linha do Metrô paulistano: 11 quilômetros entre o Jabaquara e a Liberdade.

- Wanderlei Racy toma posse como diretor do Fórum de Santo André. Substitui a Alberto Franco.

Santos do dia

- Sete santos fundadores dos servitas (Ordem dos Servidores de Nossa Senhora), entre os quais Santo Aleixo Falconieri, que era italiano (1200 – 1310).

- Reginaldo de Orleans

- Policrônio (bispo)

- Rômulo

- Silvino (bispo) 




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