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Feira do Rolo, em Diadema, tem de tudo
Samir Siviero
Do Diário do Grande ABC
27/10/2001 | 16:02
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Todos os domingos, uma feira com um amontoado de barracas e objetos espalhados pelo chão, música alta e um alto-falante que a todo momento pede que algum motorista retire o carro da frente da garagem de algum vizinho, é montada no bairro Serraria, em Diadema. Ali, rola a Feira do Rolo, onde a base é a troca de objetos por qualquer coisa. Mas não só isso: objetos guardados no bolso ou escondidos em porta-malas de carros mostram que também há comercialização de produtos ilícitos e armas. Nas últimas semanas, a feira virou notícia com a apreensão de gaiolas com pássaros silvestres.

Nascida há 12 anos, a Feira do Rolo começou meio acanhada na rua Guarani. Os freqüentadores trocavam objetos usados, como rádios, bicicletas, máquinas fotográficas e eletrodomésticos. Com o tempo, o movimento cresceu e um mercado novo – o de venda e troca de carros e peças automotivas – tomou as ruas Caetés e Tupi. Aí, os problemas começaram a aparecer. A feira ficou famosa nas delegacias de polícia. Muitos detidos com armas ilegais, geralmente com o número de série raspado, dizem que compraram o objeto na feira. “É muito cômodo dizer que a arma veio da Feira do Rolo, porque não é preciso revelar qual o verdadeiro fornecedor”, disse o delegado seccional de Diadema, Reinaldo Corrêa.

Clandestina, apesar de a Prefeitura de Diadema reconhecer que ela existe e que é uma tradição, a Feira do Rolo é coordenada pela Associação dos Amigos sem Recursos de Diadema, presidida por Manoel Siqueira Serafim, que diz cuidar apenas das barracas da rua Guarani. Na rua Tupi, e em parte da Caetés, ficam os carros à venda, onde a associação não se intromete, segundo Serafim.

Para ter uma barraca na beirada da rua Guarani, é preciso se cadastrar na associação, aguardar na fila de espera e pagar uma taxa simbólica de R$ 1 por domingo, valor doado para famílias carentes, de acordo com Serafim. No meio da rua o espaço é liberado. Basta chegar cedo para espalhar as coisas pelo chão e começar a trocar; às 8h, 170 barracas já recheiam o local.

No Rolo dá para encontrar de tudo – sempre de segunda-mão –, de óculos, revistas, televisões e videogames a instrumentos musicais. Há quatro anos, o aposentado Sebastião de Souza vende tênis na feira e, quando encontra algo que interessa, não perde a oportunidade de oferecer uma troca. “A feira é muito divertida, um cara passou com a sanfona e quis tocar para saber se queria comprar.”

Apesar de informal, a feira mantém a regularidade e funciona aos domingos, das 8h às 14h. “O pessoal que precisa de alguma coisa e tem outra tranqueira em casa que não quer mais, traz para a feira e sempre leva algo diferente”, disse o técnico em manutenção de ferramentas elétricas José Onofre de Oliveira, que conserta e troca ferramentas e outros materiais na Feira do Rolo.




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