Segundo ele, se os jogadores fossem donos de seus próprios passes - como previa a Lei Pelé - esse problema seria pelo menos amenizado. "Mas enquanto os deputados ligados aos clubes de futebol faziam lobby lá em Brasília para derrubar a lei, os jogadores, que seriam os maiores beneficiados, se mostravam omissos".

Pelé citou como exemplo sua própria experiência junto à direçao do Santos. De acordo com o ex-atleta, era comum jogadores chegarem para fazer testes com empresários a tira-colo. "Acabei com isso quando estive lá. Os meninos, de 14, 15 anos, já chegavam com empresários que cobravam algum dinheiro para eles jogarem. Imagina só, quando comecei a jogar, era meu pai quem me acompanhava nos treinos", criticou ele.

O Rei do Futebol atacou ainda as várias convocaçoes feitas por Luxemburgo para as Eliminatórias da Copa do Mundo. "Respeito o Wanderley como treinador, mas se fosse a Seleçao Olímpica que tivesse disputando as Eliminatórias nao teríamos problema algum para nos classificarmos. A troca de jogadores está sendo péssima para a equipe".

Pelé nao poupou críticas nem mesmo ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, FHC tem parte de culpa no fracasso atual do campeonato brasileiro, que vem registrando público muito abaixo das expectativas.

Segundo ele, o presidente prejudicou o profissionalismo do esporte ao assinar uma Medida Provisória que alterou a Lei Pelé no ano passado. "As empresas estavam começando a investir no futebol, mas essa MP descaracterizou a Lei Pelé e hoje vemos menos investimentos no futebol brasileiro. Havia projetos de construçao de grandes arenas, com conforto e segurança para o público. Essa MP está dando oportunidade de bagunçar o futebol brasileiro", frisou.