O município de Santo André tem atualmente 50 terrenos esperando potenciais investidores, segundo o chefe do executivo Aidan Ravin (PTB). O governo levará à Câmara na próxima semana anteprojeto de lei cujo objetivo é conceder descontos no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) às empresas instaladas na cidade que mais gerarem empregos e arrecadação de ISS (Imposto sobre Serviços).

Este deverá ser um atrativo a mais para que novas companhias escolham o território andreense para se instalar. De acordo com Aparecido Viana, presidente da imobiliária que leva seu nome, as áreas onde estão os terrenos da Pirelli são bem valorizadas.

"Quase não existem áreas disponíveis para que novas incorporadoras cheguem à região. A apresentação dos imóveis aos investidores movimentará toda o setor nos arredores da cidade", avalia Viana.

O empresário salienta que com as informações dos terrenos em mãos, as empresas deverão desencadear disputa pelo local, elevando o preço dos imóveis disponíveis.

VALOR - Considerando que o custo do metro quadrado em Santo André é entre R$ 3.500 e R$ 4.000, segundo a Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), os terrenos da Pirelli juntos devem somar algo em torno de R$ 500 milhões.

Algumas das áreas da fabricante de pneus estão alugadas para empresas como a operadora de telefonia móvel TIM e a fabricante de cabos Prysmian. Questionado sobre a situação, o diretor de assuntos corporativos da Pirelli, Mário Batista, garante que os contratos com as locatários serão mantidos.

Com a TIM, que tem instalado em uma das áreas seu Polo Tecnológico, o período é de dez anos, prorrogáveis por mais dez, assim como na Prysmian. As empresas não comentaram a decisão da Pirelli.

OUTROS TERRENOS - No encarte entregue aos investidores no fim da apresentação realizada em São Paulo, além dos cinco imóveis de Santo André, outros seis em São Paulo (SP), Ribeirão Preto (SP) e Duque de Caxias (RJ) entre outras cidades tinham seus perfis detalhados. O diretor da empresa nega que estes estejam à venda.

HISTÓRICO - Em 1997, a fabricante de pneus apresentou ao mercado um audacioso plano conhecido como ‘Cidade Pirelli', orçado em R$ 200 milhões. Naquela época, o empreendimento ocuparia área de 200 mil m² com a construção de shopping center, torres comerciais, centro de convenções, hotel, salas de cinema e um parque florestal.

Dois anos depois, 36 casas foram desapropriadas para o início das demolições. Em 2000, a Prefeitura começou a duplicar a Avenida Giovanni Battista Pirelli. O projeto, no entanto, não saiu do papel.

Movimento põe cidade no centro do desenvolvimento imobiliário

Levantamento realizado pela empresa de inteligência de mercado Urban Systems Brasil aponta que os terrenos da Pirelli e outros disponíveis na cidade poderão abrigar hotéis, shopping centers, empresas de logística e prédios residenciais.

De acordo com Thomaz Assumpção, presidente da Urban, a proximidade com a Capital paulista beneficia o setor de turismo, enquanto o Rodoanel encurta a distância com Guarulhos e a Avenida Jacu Pêssego, importante ligação com São Paulo.

"É evidente que o Rodoanel e o pré-sal, as operadoras logísticas terão uma área com bastante acessibilidade", destaca Assumpção.

Ao que parece surgirá a oportunidade para tirar do papel o projeto da ‘Cidade Pirelli', porém, de outra maneira. O executivo acrescenta que a inauguração do novo sistema viário não surtirá impacto imediato no valor dos imóveis disponíveis.

Assim como o empresário do setor Aparecido Viana, o presidente da Urban considera que este movimento colocará Santo André como um dos centros do desenvolvimento imobiliário, com possibilidade dos empresários investirem e fazerem bons negócios.