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Renascer das cinzas, eis o desafio do 13º Congresso

Uma observação a mais sobre a organização do 13º Congresso de História do Grande ABC...

Ademir Medici
29/01/2015 | 07:00
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Uma observação a mais sobre a organização do 13º Congresso de História do Grande ABC, Ribeirão Pires 2015: é preciso pensar um eixo central que contemple as várias demandas, os vários pesquisadores interessados em participar.

Ontem recebemos um telefonema do violonista Robson Miguel, que pesquisa as origens do povo indígena em terras do Grande ABC. Ele comentou a última reunião temática preparatória ao próximo Congresso de História e mostrou-se preocupado com a transformação do evento de Ribeirão Pires num congresso indígena. Não é isso o que ele quer, por mais apaixonado que seja pelo tema.

Concordamos com Robson Miguel. E vamos além: cada participante da reunião preparatória ao congresso da semana passada discorreu sobre a sua área, naturalmente defendendo espaço ao negro, à música caipira, ao gay e assim por diante. O que nos surpreendeu, entre tantas surpresas, foi quando propusemos que se pensasse na questão do trabalho.

À sugestão apresentada, o tema foi simplesmente incluído numa listagem como um mero item a mais. A ideia não é esta, e nem tivemos espaço para uma explicação maior, o que fazemos agora.

A partir de um gancho como o trabalho – poderia ser outro, como a educação, o meio ambiente –, o Congresso de História contemplaria todos os demais temas, já que o índio, o negro, o gay, o idoso que procura os seus direitos, o esportista que procura o seu espaço, a mulher que luta por maior igualdade, todos esses segmentos atuam na sociedade do Grande ABC, trabalhando, enfrentando os dramas urbanos, discutindo a (des)industrialização, sofrendo com os projetos governamentais que custam a sair do papel.

Daí a importância de se agregar pensadores do porte de um professor José de Souza Martins, de uma jornalista Elianete Simões e tantos outros que, espalhados pelas nossas casas de memória e universidades, há décadas defendem a ideia de que a partir da memória construída pode-se sonhar com um cotidiano mais igualitário, menos injusto.

Há 30 anos, imaginem!, quase a idade da criação do Primeiro Congresso de História do Grande ABC, a economia local era movida pela força da indústria, que se recuperava.

A jornalista Elianete Simões, aqui no Diário, publicou uma reportagem, de página inteira, com o seguinte título: “Empresas retomam crescimento expandindo negócios” (cf. edição de 27-1-1985).
Escreveu Elianete: “Depois de amargarem quatro anos de profunda recessão, onde a palavra crescimento precisou ser abolida em função da própria sobrevivência profissional, comerciantes e industriais voltam a fazer projetos de expansão para 1985.”

É um longo texto, repleto de situações reais. A Termomecânica anunciando a construção de sua fábrica 2, a HB Marçon ampliando sua produção, de móveis a peças para bicicletas, a Randi retomando a capacidade total de produção, a Águas Minerais Pilar ampliando instalações e modernizando equipamentos, a loja A Esportiva abrindo filiais até no Vale do Paraíba.

Era o boom batendo às portas da economia local três décadas atrás. Depois.... bem depois, tudo se transforma. Mudam os conceitos. O que afetou a todos os setores, entre eles o cultural. Não seria o momento de os pensadores de história e memória darem o exemplo e discutirem tudo isso, sem que cada um olhe para o seu umbigo, simplesmente?

O 13º Congresso de História do Grande ABC, Ribeirão Pires 2015, tem uma oportunidade única de pensar o Grande ABC deste início do terceiro milênio e descobrir o que falhou, quem falhou, quem causou. Este é o desafio.

Diário há 30 anos

Terça-feira, 29 de janeiro de 1985 – ano 27, nº 5735

Manchete – Pastore espera negociar dívida até sexta-feira (Afonso Celso Pastore, presidente do Banco Central)

Rádio – Grande ABC FC, do grupo Diário, é reeleita como a melhor programação de FM pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

São Bernardo – Inaugurada a Praça Cláudio Anjoletto, no Jardim Olavo Bilac, e o posto de puericultura do Jardim Nazareth.

Em 29 de janeiro de...

1915 – A guerra. Da manchete do Estadão: “Grande derrota alemã em La Bassée”.

1930 – Prefeitura de São Bernardo realiza inspeção sanitária em Paranapiacaba. Foram visitados o cemitério, a igreja, casas comerciais e residências. Uma preocupação: as condições higiênicas e segurança das casas, na sua maioria construídas de madeira.

1935 – Na Rua José Paulino, em São Paulo, Leonor Bardona, 22 anos, residente da Vila Alpina, é atropelada pela motocicleta 614, chapa de São Bernardo, dirigida por Menotti Palla. Leonor sai levemente ferida e um inquérito é aberto.

1970 – Desbaratada em São Caetano quadrilha que agia há dois meses no Grande ABC.

- Governador Abreu Sodré anuncia a criação da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

- Prefeito Aldino Pinotti anuncia a criação de vários centros educacionais em São Bernardo: Taboão, Assunção, Baeta, Calux, Vivaldi e Nova Petrópolis.

Santos do dia

- São Valério de Treviri. Viveu entre os séculos 3 e 4. Bispo de Treviri, atual Tries, na Alemanha.

- Aquilino

- Bambina

- Constâncio 




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