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Depois do furacão do Oscar, Meirelles se dedica a novo filme
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
23/03/2004 | 23:25
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Passada a euforia do último Oscar — no qual seu filme, Cidade de Deus, concorreu a quatro estatuetas —, o diretor Fernando Meirelles consegue finalmente dedicar-se ao seu novo projeto. The Constant Gardner é adaptação do livro de John Le Carré, cujas histórias já originaram outros filmes como O Alfaiate do Panamá e O Espião que Veio do Frio. Meirelles definiu, por exemplo, a protagonista do filme. Ela será Rachel Weisz (O Júri e A Múmia), mas foram cotadas, também, Nicole Kidman e Kate Winslet.

O diretor conta sobre a escolha da atriz no diário de produção que escreve ocasionalmente no site www.cinemaemcena.com.br. “Rachel teve dois dias de folga em sua filmagem em Los Angeles e decidiu, por conta própria e contra a vontade de seu agente, voar até Londres para encontrar-se comigo. Achei o fato extraordinário e praticamente me senti obrigado a fazer o filme com ela, tamanha sua gentileza e demonstração de interesse pelo projeto. Não seria nada mal, aliás. Além de linda, fez ótimos comentários sobre a personagem e se mostrou empolgada em tentar fazer improvisações e ensaios”.

A atriz inglesa fará, em The Constant Gardner, a advogada Tessa, esposa de Justin Quayle, papel que coube a Ralph Fiennes. Ela está disposta a expor um escândalo envolvendo a indústria farmacêutica: um fabricante de remédios estaria testando um perigoso medicamento contra tuberculose em um grupo de africanos. Sua audácia acaba fazendo com que ela seja espancada e morta. Justin, então, começa a caçar os responsáveis pela brutalidade e chega a uma possível conspiração entre políticos e a tal empresa.

Fiennes não foi escolhido por Meirelles, mas sim pelos executivos do estúdio Focus Features, que já haviam lhe dado o papel quando Mike Newell, de Quatro Casamentos e um Funeral, ainda era cotado para dirigir o filme (ele abandonou o projeto assim que foi convidado a realizar o quarto filme da série Harry Potter).

Meirelles, então, assumiu quase que casualmente a direção de The Constant Gardner e descobriu que o filme já tinha um protagonista. “Mas Ralph não poderia ter sido mais generoso e receptivo. Reconheço que ele é mesmo muito adequado para o papel de um gentleman”, escreve.

Meirelles conta, também, sobre sua dificuldade de terminar o roteiro de The Constant Gardner em meio à badalação do Oscar. “É como tentar ler Proust no Sambódromo enquanto passa a bateria do Salgueiro”, compara. E, também, sobre o rumo que tomou a história. “Desde dezembro, venho brigando comigo mesmo em relação a este filme. Apesar de gostar da história, penso que não é um roteiro que eu escreveria”.

A maior preocupação do diretor, no entanto, são as comparações. “Percebi como os 46 prêmios de Cidade de Deus haviam criado uma expectativa sobre o que eu faria a seguir. Uma sensação desagradável, devo admitir”.




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