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Quem nunca sonhou em
ser jogador de futebol?
Thiago Silva
Do Diário do Grande ABC
04/09/2011 | 07:30
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A fase da Seleção Brasileira desde a eliminação na Copa do Mundo de 2010 é longe de ser das melhores, com vexames diante das potências mundiais e na Copa América, ao ser desclassificada ainda na fase de quartas de final. Há até quem diga que o Brasil não é mais o bicho-papão de antigamente.

Mas esses resultados pouco importam para a garotada de hoje quando veem em campo atletas como Neymar, Paulo Henrique Ganso e Lucas, que sabem dar espetáculo, mesmo quando seus times não vencem. Favoritos a protagonistas na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, o trio é o principal incentivador das crianças que sonham em ser jogadores de futebol profissional em breve.

A habilidade e a irreverência desses craques, principalmente as de Neymar, têm atraído cada vez mais alunos às escolinhas. Segundo os proprietários ouvidos pelo Diário, o número aumentou cerca de 30% em média nos últimos dois anos, período em que os jogadores despontaram para o futebol.

"Hoje em dia, todo mundo quer ser um Neymar ou um Lucas porque são atletas que a garotada se identifica. Não tem jeito. São esses jogadores que dão espetáculo e que atraem as crianças", apontou Antonio Carlos Campanha, proprietário da Escola América Society, em Santo André.

Outro fator positivo para as escolinhas é o aumento de alunos de outras classes sociais. "Antigamente era um público mais elitista, mas hoje está diferente. Temos crianças de outras camadas sociais porque todos os pais também querem segurança. Eles sabem que os filhos serão bem mais cuidados", frisou Hugo Leonardo Alves Arnold, um dos responsáveis pela Planet Society, em São Bernardo.

Proprietário da franquia do Santos/Meninos da Vila, em Mauá, Edílson Correa da Silva salientou que a cada título do Peixe aumenta o número de crianças que procuram a escolinha. "É impressionante como essa magia atinge as crianças. Por exemplo: na semana seguinte em que o Santos foi campeão da Copa Libertadores, tivemos um número bem maior de garotos que veio à escolinha para jogar futebol. A equipe profissional do Santos mexe com as crianças", salientou.

Ele ressaltou que o clube do Litoral é o time "mais simpático", o que ajuda a trazer crianças que torcem por outras equipes. "Isso é mais difícil acontecer em outras franquias, como a do Corinthians, por exemplo. Vai mais quem é corintiano", justificou.

O grande exemplo é Matheus Henrique Silva Moço, 8 anos, que treina na Meninos da Vila. O garoto admitiu que "virou a casaca" e hoje tem orgulho de mostrar a camisa do Peixe cheia de autógrafos - alguns apagados - que utiliza nos treinamentos.

"Eu era palmeirense, mas hoje sou santista roxo e fã de Neymar. Quero ser como ele quando crescer", revelou o jovem prodígio, um dos destaques da escola. "Matheus já foi avaliado por alguns integrantes do Santos. Mas ainda é cedo para saber se ele será profissional", disse Edílson Correa da Silva.

O jovem, inclusive, se compara ao ídolo do Peixe. "Eu sou fominha como o Neymar porque gosto de driblar bastante", brincou Matheus.

 

Estilo e dança de Neymar são imitados pelas crianças

Neymar é o centro das atenções das crianças. Tanto o estilo quanto as comemorações são imitados pela maioria das promessas brasileiras da região. As dancinhas do jogador viraram febre nas escolinhas de futebol.

Aos 9 anos, Tales Eduardo Rangel Pereira, da Américo Society, se mostra grande fã de Neymar. Do corte moicano às comemorações com danças, o jovem treina bastante para ter um pouco da habilidade do craque.

"Gosto muito de imitá-lo porque é meu principal ídolo. Faço dancinha igual a ele", brincou Tales, que ficou com medo de fazer embaixadinha quando a reportagem pediu. "Eu não sei fazer direito ainda", admitiu.

Mas não é todo mundo que gosta de imitar o estilo Neymar. Aluno da Meninos da Vila, Manoel Lorival da Silva, 13, admite ser fã do craque, mas não muda o estilo. "Só gosto do jeito de jogar, mas o cabelo dele é muito feio. Assim, eu não corto nem que me paguem", garantiu o adolescente.

 

NEM TODOS

Talvez por serem menos habilidosas, algumas crianças preferem torcer por outros ídolos do futebol. Esse é o caso dos gêmeos Lucas Thell Agusto e Matheus Thell Augusto, 9 anos, que atuam como goleiro e zagueiro, respectivamente.

Ambos, que treinam na Planet Society, dizem que não se empolgam muito com os atacantes, mas com o goleiro Vitor, do Grêmio, e o zagueiro Thiago Silva, do Milan. "Eu gosto de marcar. Acho que posso ser bom zagueiro, principalmente porque sou grande. Tenho 1m56 com apenas 9 anos. É um bom tamanho, não é verdade?", questiona Matheus.

Por outro lado, Lucas disse que preferiu ser goleiro para não competir com o irmão. "Não queria jogar na posição dele. Assim, poderíamos atuar no mesmo time", frisou.

 

Dom e dedicação são fatores para se tornar profissional

O sonho de cada criança que treina nas escolinhas de futebol é ser jogador profissional. Porém, os proprietários ressaltam que existem vários fatores para elas se tornarem jogadores.

"Não tem fórmula mágica. Primeiramente, a criança precisa ter o dom de jogar futebol. E nós temos que cuidar para melhorar os fundamentos de cada um porque o clube quer o jogador pronto", explicou Antonio Carlos Campanha. "Ela precisa ter sorte também para chegar lá", admitiu.

Edílson Correa da Silva, o Índio, que foi jogador do Santo André entre 1982 e 1989, ressaltou que os garotos da Meninos da Vila têm três oportunidades por ano para realizarem testes no Peixe. "Primeiro, eles são observados aqui na nossa quadra. Quem for aprovado vai até Santos para ser observado lá, ao menos mais duas vezes", explicou.

Para Índio, porém, o mais importante é que os pais não obriguem os filhos a serem jogadores profissionais. "Temos de entender que o fundamental é enxergar o futebol como atividade física. Esse é o verdadeiro sentido das nossas aulas", frisou Índio.

Quem joga futebol somente por esporte é Antonio Carlos Vale, 10 anos, da escola Planet Society. Ele admitiu que futebol provavelmente não será sua profissão. "Eu quero ser administrador", revelou. "Aqui na escolinha, eu gosto de jogar futebol, mas não faço muitos gols", lamentou.




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