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Entre dois mundos
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
11/04/2011 | 07:13
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São próprios dos romances policiais enredos que prendem a atenção até o virar da última página. Reviravoltas ao longo da trama dão clima de tensão e geram ânsia pela descoberta do mistério. Boa leitura do gênero, "Elo" (Escritório de Mídia, R$ 29,90, 110 páginas) será lançado amanhã, na Capital.

Escrito pelo jornalista James Capelli, que trabalhou no Diário como repórter especial e secretário de redação, o livro é a sua primeira ficcção publicada. Elo tem a história narrada pelo famoso policial Julio, que precisa investigar o que aconteceu com o filho adolescente Beto para ter entrado em coma repentinamente.

Julio é um homem certinho, antítese da visão que a maioria tem do policial: grosseirão, corrupto, malandro. "Narrado em primeira pessoa, muito (da imagem passada) é o que ele acredita", ressalta Capelli.

Em busca de pistas, ele se depara com situações sobrenaturais. Trata-se de investigação entre dois mundos: o dos vivos e o dos mortos. "História de suspense sem mortos, que falam ao seu ouvido e arrepiam a nuca, não é história de suspense", defende o autor, que tem como referência Dashiell Hammett, autor do clássico "Falcão Maltês". "A trama de Dashiell não é fantástica, mas ele tem domínio das reviravoltas e usa narração em primeira pessoa", afirma.

No livro, os mortos não vieram para se vingar, mas cada um tem um interesse. Ninguém volta à toa. "Se morto voltasse, teria um pouco da característica humana. O que é mais humano do que ser interesseiro?", questiona. Capelli gosta de colocar o persoangem em situações complicadas e quebrar a cabeça para descobrir como el pode sair dessa. Ele espalha 'ratoeiras' pela trama.

Menos romance e mais ação ditam o ritmo. O jornalista suprime a descrição para estabelecer parceria com o leitor, que se torna coautor do livro.Dessa forma, a trama pode se passar em diferentes lugares, de acordo com quem lê. "Quando você se apropria do texto, você projeta a sua história".

O leitor pode se sentir como um verdadeiro agente na tentativa de desvendar o crime por conta própria, de modo a 'ajudar' na investigação e tirar conclusões próprias para depois compará-las com as reais.

Trata-se de um quebra-cabeça que antecede o livro "Lux", ainda sem data para o lançamento. Este ficou pronto primeiro, mas precisava do "Elo" para a apresentação dos personagens. Um terceiro, que dará continuação à trama, está sendo escrito. "Eu me utilizo de situações inusitadas que conheci como repórter", afirma. "Ficção é fantasia com o mínimo de verossimilhanca", conta.

CINEMA
Com enredo bastante imagético, o livro voltado para o entretenimento deve ocupar as telonas. Em fase de captação de recursos, a produção é coordenada por uma equipe que tem experiência em cinema. "Passei o texto para um agente literário, que se encantou com a história e com o fato de que existe uma continuação", conta Capelli, que não revela nomes "porque mudam o todo tempo". "Fazemos reuniões desde dezembro. A única condição que coloquei foi participar de todas as etapas", diz.


Elo - Lançamento de livro. Na Livraria Cultura (Conjunto Nacional) - Avenida Paulista, 2.073, São Paulo. Tel.: 3170-4033. Amanhã, das 18h30 às 21h30. Preço: R$ 29,90.




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