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Mais multas e menos coordenação
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
18/03/2011 | 07:02
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Santo André tem mais fiscais para aplicar multas do que agentes para orientar e coordenar o trânsito da cidade, a cada dia mais congestionado e caótico. O DST (Departamento de Segurança e Trânsito), responsável pelo setor em uma cidade com cerca de 700 mil habitantes, conta somente com 62 funcionários. Mas apenas 14 são direcionados para o controle do tráfego, enquanto os outros ficam com a função de aplicar multas, conforme a Prefeitura.

Se os agentes tivessem de cuidar apenas da frota municipal de veículos particulares, hoje de 340,7 mil, seriam cerca de 24,3 mil para cada um. Ou seja, uma missão impossível numa cidade onde o sistema viário não acompanhou o crescimento da frota, que aumentou em 48% em dez anos.

Por isso, o condutor deve ficar em alerta nas ruas de Santo André, sobretudo na região central, como na Avenida Padre Anchieta, Monções, Bandeiras, Perimetral, General Glicério e Senador Flaquer. São pontos de congestionamento, onde os fiscais de trânsito da Prefeitura estão para flagrar infrações e multar - nunca para ajudar a desafogar o fluxo.

O trânsito na Avenida Giovanni Batista Pirelli é exemplo típico da falta de coordenação de tráfego. A via serve de passagem para o trânsito oriundo de Mauá e Ribeirão Pires. Na manhã de ontem, a extensa fila de veículos ganhou um pouco mais de velocidade no sentido Centro.

Isso porque, após a série de reportagens do Diário, a Prefeitura colocou agentes em alguns pontos para tentar amenizar o sofrimento dos motoristas. Ali, pelo menos três agentes de trânsito monitoravam o fluxo, enquanto outros carros do DST circulavam pela avenida.

Os gestos indicavam o sentido do fluxo. O apito chamava a atenção dos motoristas que dormiam no ponto. Todavia, na mão dos amarelinhos não faltavam o talonário de multas e a caneta.

Motoristas que fazem diariamente o trajeto perceberam a diferença. Porém, não deixaram de reclamar. "Quase todos os dias o fluxo aqui está praticamente parado. O problema são os carros que saem da Avenida dos Estados pelo (Viaduto) Cassaquera", disse o técnico de telefonia Adenilsom Pampolini, 35 anos.

Quem mora nas redondezas está acostumado a encarar a atravessar a Giovanni Batista Pirelli até a Avenida Perimetral para chegar ao Centro. "Hoje (ontem), parece que o trânsito está andando mais. É raro ver os agentes por aqui, e quando aparecem, a gente tem de ficar de olho para não levar multa", disse o publicitário Agnaldo Gonçalves, 25, morador da Vila Homero Thon.

O secretário de Obras e Serviços Públicos, Alberto Rodrigues Casalinho, nos últimos dias tem se esquivado de responder aos questionamentos do Diário. Ele é responsável pela Pasta que deveria criar projetos para melhorar o sistema viário, como a construção de viadutos. Especialistas apontam que os viadutos de acesso à Avenida dos Estados não são suficientes e já passaram do prazo para reformas.

ADIB CHAMMAS
Outro assunto do qual o secretário Casalinho corre é sobre o término dos reparos no principal viaduto da cidade, o Adib Chammas.

O equipamento continua interditado. Na terça-feira, a Prefeitura liberou uma das pistas para o sentido Centro-bairro. Assim, para chegar à Avenida dos Estados, o motorista deve atravessar no mínimo quatro faixas e ainda ficar atento à movimentação dos operários. A previsão é de que as obras terminem no fim do mês.

Prefeitura nunca fez concurso para agentes 

Faltam agentes de trânsito em Santo André. Pode parecer redundante, mas este é o alarme feito pelo Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos), que informou que nunca houve concurso público para contratação de mais agentes.

O diretor do Sindserv, Sérgio Leopoldino Marsal, explicou que os funcionários que vão a campo pelo DST (Departamento de Segurança e Trânsito) foram reaproveitados de outros setores da Prefeitura para cumprir o papel de coordenar o tráfego. "Na década de 1990, a Prefeitura tinha apenas dois fiscais de trânsito. Hoje, os profissionais que existem estão com idade avançada", informou o diretor sindical. "Concurso só fica na promessa", criticou o servidor.

Além disso, o DST possui oito viaturas, todas com problemas de mecânica. "Além de contratar mais servidores, a Prefeitura deveria construir pelo menos mais três bases pela cidade", disse Marsal. A única base está instalada no Centro.

O diretor revelou também que uma das viaturas não tem radiocomunicador. "O sistema de transmissão de rádio é deficiente e não funciona na maioria das vezes", pontuou Marsal.

Atualmente, uma das maiores dificuldades dos agentes de trânsito é a locomoção. "Se acontece um acidente longe da região central, o agente vai demorar muito para chegar ao local. O trânsito está muito parado", reclamou.

Além disso, os funcionários estão expostos a vários transtornos na profissão. Vistos pela maioria dos condutores como simples "aplicadores de multas", os agentes de trânsito sofrem maus-tratos e ofensas durante o exercício da atividade.

A Prefeitura não respondeu se existe previsão para concurso público para o setor. Essa é outra informação que poderia ser respondida pelo secretário de Obras e Serviços Públicos, Alberto Rodrigues Casalinho, que se recusa a conceder informações ao Diário.




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