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Sto André: 4 agentes penitenciários são feridos em rebelião
Glauco Araújo
Do Diário do Grande ABC
30/12/2002 | 19:21
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Pelo menos quatro agentes penitenciários ficaram gravemente feridos durante uma rebelião de presos no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Santo André, às 7h30 desta segunda-feira. O motim começou na ala B, quando cerca de 30 funcionários da unidade receberam ordem da direção do CDP para fazer uma blitz na carceragem. Houve uma discussão entre os presos, que arrebentaram as grades das celas e invadiram o pátio central, onde estavam os agentes desarmados.

Acuados, os funcionários correram para o portão para tentar escapar do que poderia ser um massacre. "Quem correu, mas quem não conseguiu foi espancado pelos presos a golpes de barra de ferro. Teve quem ficou prensado nas grades e foi pisoteado pelos caras (presos)", disse um dos agentes, que preferiu não se identificar com medo de represálias administrativas. "Se fazemos revistas por nossa conta, somos punidos. Se não fazemos revista, mesmo sem segurança, também somos punidos", reclamou.

Os funcionários conseguiram controlar a rebelião e um médico da Secretaria de Assuntos Penitenciários foi ao CDP, por volta das 10h30, especialmente para atender os feridos. Os agentes penitenciários sofreram fraturas nas mãos, nos braços, luxações e hematomas pelo corpo.

PCC – Os presos da ala B, assim como os da ala A e C, são integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Apenas os detentos da ala D, onde fica o seguro (cela de detentos jurados de morte) pertencem a outras facções criminosas. Atualmente, cerca de 1, mil homens estão detidos no CDP.

Cada ala é composta por aproximadamente 270 homens. "Foi uma batalha desleal, pois eram esses 270 presos contra pouco mais de 30 agentes penitenciários, totalmente desarmados", disse outro funcionário.

Os funcionários dizem que a rebelião poderia ter sido evitada, caso o diretor da unidade, Luiz Dantas Cruz Júnior, tivesse ouvido as recomendações dos agentes, que avisaram anteriormente da não-existência de segurança suficiente para a revista nas celas. "Os presos nos disseram que caso a gente entrasse na ala, ‘a coisa iria ficar louca’. Depois disso, pedimos reforço policial para a operação, mas o diretor não deixou", explicou um agente penitenciário, que conseguiu escapar do cerco feito pelos detentos.

Por conta da rebelião, o diretor da unidade transferiu parte dos presos para outra cadeia, mas nem a quantidade de homens, nem o destino deles foram divulgados pela Secretaria de Assuntos Penitenciários. O diretor do CDP de Santo André foi procurado pela reportagem do Diário, mas não quis falar sobre a rebelião.




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