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Bebês lutam desde o 1º dia de vida contra drogas
William Novaes
Do Diário do Grande ABC
18/08/2010 | 08:26
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O choro é diferente, quem ouve diariamente diz que é cruel e torturante. "Parece que tem alguma coisa queimando dentro deles", diz Helma Ferreira de Souza, 54 anos, que há 12 cuida de crianças diuturnamente na Casa Lar Ebenezer, em Santo André.

O sintoma do choro, ela e o marido, o metalúrgico aposentado Antonio Fernando de Souza, 58, já conseguem diferenciar dos demais de maneira automática. Infelizmente a causa para o sofrimento desses bebês não é fome, cólica ou febre. É o crack. O problema foi causado ainda quando eles viviam dentro das barrigas de suas mães. Elas abandonaram ou perderam a guarda dos seus filhos ainda recém-nascidos devido ao vício do crack.

A história é desumana e triste. A droga deixa sequelas nas crianças, como apontam diversos estudos médicos. O sofrimento desses bebês tem como causa a abstinência da droga, dado que não aparece nas estatísticas, mas está muito presente na realidade de abrigos pelo Brasil. O crack está criando uma geração de filhos e filhas sem pais e mães.

Alguns são medicados, mas o casal Souza prefere adotar a pratica do carinho e do amor para encarar a fase difícil, que chega a durar até um ano. "Eles ficam enrijecidos e o choro é muito diferente dos outros, vem lá do fundo. Infelizmente a maioria que chega aqui tem esse comportamento. Uma massagem em todo o corpinho e um abraço os deixam mais calmos. Parece que eles querem um contato mais delicado", conta Helma.

A Casa Lar Ebenezer atualmente está com sete bebês no berçário. O local é agradável, o cheiro é igual ao quarto de qualquer casa com recém nascido. Um aroma doce e delicado muito diferente dos locais que os atuais hóspedes já tiveram com as suas famílias.

A maioria chegou ao lugar com problemas de saúde e baixo peso. A maioria é filho do crack, como aponta o aposentado. "Não tem jeito. Não é a pobreza que manda essas crianças para cá, mas sim a negligência e a droga, principalmente o crack", conta Souza.

Na visita da equipe do Diário todos estavam deitados e recebendo os cuidados de uma das voluntárias do abrigo. Um menino com um pouco mais de um ano tentava ficar em pé no berço. "Quem vê esse garotinho não tem ideia como ele chegou magro, doente. Mas agora está bem, graças a Deus", disse Souza.




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