Sonho de muitos garotos, a Seleção Brasileira já é uma realidade para Wesley Henrique, ala da Apaba (Associação de Pais e Amigos do Basquete) de Santo André. Aos 17 anos, o jogador integrou a primeira convocação do grupo sub-17, que iniciou em março, em Minas Gerais, a preparação para a disputa do Sul-Americano da categoria, que está marcado para julho, na Colômbia. É a recompensa pelos quase cinco anos de dedicação ao esporte.

No total, foram pré-convocados 22 atletas pelo técnico Demétrius Ferraciú, sendo que apenas 12 serão mantidos. "Estou bastante confiante em permanecer no grupo. Sei da qualidade dos concorrentes, mas confio no meu potencial. Tenho de treinar bastante e me dedicar", declarou o tímido Wesley, do alto de seus 1,96 m de altura.

O jogador é considerado exemplo para os demais companheiros da Apaba. Ele chegou no clube com apenas 13 anos, por indicação de seu pediatra, que via no garoto porte físico exemplar para prática da modalidade. Passou por todas as categorias e agora foi premiado pela dedicação. "Foi uma surpresa para mim essa convocação, não esperava ser lembrado. Preciso aproveitar essa oportunidade", constata Wesley, que nasceu e mora em São Bernardo.

O talento do ala foi visto durante a disputa do Campeonato Paulista das categorias de base, competição na qual a Apaba participa de todas as divisões, desde o sub-10 até o sub-19 - último estágio antes do profissional. "Ele é um jogador espetacular, de muito futuro. Dá orgulho de participar da sua formação", elogia o coordenador do projeto, Luiz Carlos Spilleir.

Crítico, Wesley sabe bem onde precisa melhorar para chegar próximo da perfeição. "Meu arremesso com a mão esquerda. Acho que é minha maior deficiência", conta o jogador, que se orgulha do potencial adquirido. "A explosão e o jump (arremesso após pulo com a bola) é o que faço melhor", comenta.

Agora o jogador aguarda com ansiedade a nova listagem que deve ser divulgada nos próximos dias pela CBB (Confederação Brasileira de Basquete). O novo período de treinamento será entre os dias 8 e 2, em local ainda a ser definido. "Eu e minha família estamos ansiosos. Tomara que eu esteja entre os convocados", finaliza o jogador.

Apaba é fruto da iniciativa popular que deu certo pela persistência

Se o basquete feminino ocupa lugar de destaque em Santo André, o masculino se especializou em revelar talentos. Há 19 anos, a Apaba (Associação de Pais e Amigos do Basquete) mantém todas as categorias de base, desde o sub-10 até o sub-19. A iniciativa partiu de munícipes que, com o fim da parceria com a Pirelli, no início dos anos 1990, resolveram dedicar tempo na organização de escolinhas na cidade. O projeto ganhou corpo e hoje é um dos principais do gênero no Estado.

O trabalho colheu vários frutos, entre eles o pivô Jefferson Sobral, que começou muito jovem no projeto e brilhou em clubes nacionais, estrangeiros e pela Seleção Brasileira. "Nossa meta é justamente essa. Proporcionar oportunidade para os jovens de Santo André iniciarem no basquete e estarem prontos para enfrentar os desafios da categoria adulta", comenta o coordenador do projeto, Luiz Carlos Spilleir.

Longe dos holofotes, os times andreenses lutam nos torneios organizados pela Federação Paulista. Entretanto, o grande sonho é voltar a ter uma equipe adulta. "Para isso precisamos de patrocínio de empresas privadas, pois precisaríamos ter alguns atletas mais rodados para dar experiência ao time que sai do sub-19. Só com o apoio da Prefeitura não é possível", lamenta Spilleir.