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Nova nota de R$ 100
já enfrenta falsificação
Deborah Moreira
Do Diário do Grande ABC
21/04/2011 | 07:19
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Nem mesmo elementos mais modernos de segurança nas novas cédulas de real são obstáculo para os falsificadores. Comerciantes do Jardim Cristiane e uma lanchonete no bairro Jardim, em Santo André, foram alvo de grupo que vem tentando derramar no comércio, nas últimas semanas, notas falsas de R$ 100 da segunda família do real, introduzida em dezembro.

Segundo relatos, um dos suspeitos seria um homem alto, magro, de pele morena, cabelos pretos, com as mãos despigmentadas, provavelmente por vitiligo, e tatuagem tribal em um dos braços, aparentando entre 25 e 30 anos.

Na terça-feira, o homem agia no Jardim Cristiane, no fim da tarde. "Ele comprou o equivalente a R$ 19 e me deu a nota nova. No mesmo momento, vi que se tratava de nota falsa. O papel é liso e a impressão é bem ruim. Ameacei chamar a polícia e ele saiu correndo", relatou Rael de Melo, 41 anos, comerciante há 15 no bairro. Enquanto perseguiu o homem, Rael percebeu que ele entrou em um carro Corsa vermelho, com insufilm, com alguém dirigindo.

Outro comerciante da mesma região, que pediu para não ser identificado, disse que na segunda-feira um homem com a mesma descrição tentou passar a nota adiante em seu estabelecimento. "Eles compram algo de valor não superior a R$ 20 para compensar. A nota estava nova, em uma carteira, sem dobra. Desconfiei e mostrei a meu filho, que atestou a falsificação. Ele saiu, dizendo que iria buscar cartão no carro, mas não voltou", explicou o comerciante, que possui outro estabelecimento no bairro Jardim, também alvo do grupo, na terça-feira à noite.

Outros donos de comércio disseram que a nota antiga de R$ 100, ainda aceita, também está sendo derramada na região por uma mulher morena, alta, magra, de cabelos pretos, lisos e compridos. "Ela tentou me distrair perguntando sobre meus filhos e falando muitas coisas sobre ela, que era cabeleireira", detalhou Márcia Cristina de Almeida, 28 anos, mulher de proprietário de farmácia, que não aceitou a nota. Diante da recusa, a mulher entrou em um Ford Ka azul, com insufilm, dirigido por outra pessoa.

O único que não percebeu falsificação e acabou aceitando nota antiga de R$ 100 foi Francisco de Assis Miranda, 67, balconista de um bar. "Era um homem baixo, moreno, do cabelo curto, aparentando 30 anos. Pediu refrigerante e cigarros e foi embora", disse.

Para não cair no golpe, a proprietária de bar Lindamir do Nascimento, 34, não dispensa uma caneta que ajuda a identificar as notas. "Se riscar e ficar amarela, é verdadeira. Se ficar mais escura, é falsa", explicou. No entanto, ao passar a caneta na nota falsa, a equipe do Diário não constatou escurecimento da tinta.

Nenhum dos comerciantes registrou boletim de ocorrência. "Infelizmente, é algo comum para nós. De tempos em tempos surgem notas falsas", justificou Rael.

 

Polícia da cidade ainda não sabia das ações do grupo

O SIG (Setor de Investigações Gerais), da Seccional de Santo André, desconhecia falsificação da cédula nova de R$ 100 até ontem. Dessa nota, lançada em dezembro, foram retidas até agora pelo BC (Banco Central) 985 unidades falsas. O número é considerado baixo pelo banco. Em 2009 e 2010, foram apreendidas, respectivamente, 29.134 e 33.290 notas de R$ 100 antigas falsificadas.

Segundo o delegado titular do SIG, Antonio Vital Barbosa, os falsificadores aproveitam período que poucos conhecem a nota. "Não há elementos suficientes para identificar. Geralmente, falsificam notas altas e compram valores baixos", disse. Para ele, o fato de ter sido facilmente identificada por comerciantes pode se tratar de falsificação de baixa qualidade.

No entanto, a equipe do Diário recebeu de um dos comerciantes uma cédula nova de R$ 100 possivelmente falsa e a apresentou a investigadores do 3º DP, que não souberam dizer se era falsa ou não. Posteriormente, com ajuda de imagens no site do BC (www.bcb.gov.br), foi confirmada que se tratava de cópia (veja ao lado como identificar falsificação). A nota será entregue à SIG.

Falsificar é crime previsto no Código Penal. "Quando a falsificação é ruim, cai para crime de estelionato. Quando é mais precisa, é crime de moeda falsa", explicou o delegado Vital.




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