Há quatro meses, as ruas Myriam Dora Rossi e Maria Adelaide Rossi, na Chácara Inglesa, em São Bernardo, se tornaram estacionamento de carros-fortes da Prosegur, empresa de segurança privada.
Os moradores se sentem inseguros com a frequência dos veículos, que chegam todos os dias no início da tarde e deixam o local por volta das 16h.
"Gerou medo, porque pode facilitar um assalto no bairro. Além disso, não tem por que estacionar em um bairro que é residencial", disse o funcionário público Jorge Assad, 47 anos, que é síndico de um prédio na Rua Myriam Dora Rossi.
Em dezembro, ele enviou ofício à Prefeitura. A resposta veio em fevereiro, dizendo que foram feitas vistorias em vários horários e não foi constatada presença dos veículos.
A equipe do Diário esteve ontem à tarde no local e acompanhou a chegada de cinco veículos. O primeiro estacionou por volta das 13h40 na Rua Myriam Dora Rossi. Os demais chegaram depois, em intervalos de cinco a dez minutos.
Durante todo o tempo que permaneceram ali, os motores ficaram ligados, gerando barulho e incômodo. Os homens ficavam fora dos veículos, armados.
Em seguida, houve a troca de malotes e caixas. Em uma, tinha pacotes de moedas. Às 14h10 o primeiro carro deixou a rua; o último se foi por volta das 15h20.
Como forma de tomar uma medida mais efetiva, Assad reuniu cerca de 700 assinaturas de moradores do bairro para enviar à empresa, junto com uma carta cobrando providências.
Para a psicóloga Maria Imaculada Gutierrez, 51, os carros se tornaram uma preocupação. "Eles ficam por horas em frente aos prédios, possuem armas grandes, conversam, dormem, e os motores ficam ligados. Eles ficam visados."
O professor Ricardo Luiz Martins, 46, pai de dois filhos, de 15 e 8 anos, disse que há intraquilidade. "Os meus filhos costumam andar de bicicleta, mas com esses carros por aí ficamos com receio. Nos perguntamos por que ficam parados no bairro."
RESPOSTA
A Prefeitura informou que há três semanas três carros foram multados por parar em fila dupla na Rua Myriam Dora Rossi. Reforçou ainda que se os moradores constatarem a presença dos carros-fortes, podem ligar para a central de monitoramento, que enviará agentes de trânsito.
A Prosegur informou que os veículos paravam para o almoço, mas que a partir de hoje não vão mais usar o local.
Antigo Best também incomoda vizinhos
Não são apenas os carros- fortes que incomodam os moradores da Chácara Inglesa. Eles afirmam que a ausência de movimentação na retirada de entulho do prédio do Best Shopping e os carros dão a sensação de mais perigo. A aposentada Maria das Dores Mota Furlan, 65 anos, disse que comemorou quando os trabalhos começaram no shopping, no início do ano.
"Fiquei muito feliz, porque o destino dele estava próximo. Porém, nos últimos meses observei que não tem mais tantos funcionários recolhendo entulho."
Para ela, o grande problema do abandono do shopping é a desvalorização dos imóveis e a falta de segurança, que agora inclui os carros na região.
"Mesmo ninguém morando mais dentro do shopping se torna perigoso, porque o lugar está com tapume, mas nada é feito. É um local em que as pessoas podem se esconder para assaltar."
A dona de casa Ilda Lazzuri, 80, acredita que o shopping pode ser um lugar para pessoas se esconderem para realizar assaltos.
"É um bairro residencial, e quem convive com isso diariamente corre risco."
O responsável pelo imóvel, Marco Alexandre, informou que a retirada do entulho deve ser retomada na próxima semana.
"O aterro Lara (em Mauá) pediu que esperasse um pouco para retomar. Isso porque no local temos entulho e lixo, e os dois são jogados separadamente."
Em matéria publicada no início do mês, ele afirmou que a retirada do entulho e lavagem do local seriam concluídas até o fim de abril.
"A lavagem será feita quando tirarmos todo o entulho do local, para que os caminhões-pipa possam entrar e fazer o devido trabalho", disse Alexandre.
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