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Sindicância apura se guarda de Sto.André participou de chacina
Valéria Cabrera
Do Diário do Grande ABC
27/04/2002 | 19:12
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A Guarda Municipal de Santo André abriu sindicância interna para apurar o possível envolvimento de um integrante da corporação na chacina que deixou três mortos e um ferido na noite de sexta no Centro Comunitário Cata Preta. Michael Correia da Silva, 17 anos, César Roberto Lino dos Santos, 18, e Anderson de Almeida Bueno, 25, morreram no local. O estudante E.S.F., 16, estava internado em estado grave no Centro Hospitalar de Santo André até o fim da tarde de ontem. Segundo informações do hospital, ele havia passado por uma cirurgia e estava na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

O inspetor chefe da Guarda Municipal, Paulo Ricardo Rodrigues Bento, afirmou que serão ouvidos todos os guardas que trabalham na região do centro comunitário, entre quatro e oito pessoas. “Temos de saber tudo o que se passou na noite do crime”, disse Rodrigues Bento.

Apesar da abertura da sindicância interna, o secretário de Combate à Violência Urbana de Santo André, Edson Sardano, disse que ainda não há qualquer indício da participação de guardas municipais na chacina. “O comando da corporação esteve lá hoje (ontem) pela manhã e não conseguiu encontrar qualquer testemunha que confirmasse a participação de um guarda municipal”, afirmou. Sardano confirmou que a Guarda faz o policiamento do local durante o dia, até as 19h.

Familiares das vítimas, que não quiseram se identificar por temerem represálias, disseram neste sábado que os jovens tinham problemas de relacionamento com um guarda municipal que era conhecido por Gargamel. Entretanto, o comando da corporação afirmou que desconhece um integrante com esse apelido ou nome. “Ele não gostava dos garotos. Ficava nervoso quando eles chegavam no centro comunitário e sempre mandava irem arrumar outra coisa para fazer”, disse um dos familiares. Os parentes não souberam explicar qual o motivo para o desentendimento. Segundo a família, todos receberam pelo menos quatro tiros cada. Um parente de Michael disse que ele tinha hematomas no corpo.

Amigos disseram que o nome Gargamel estava inscrito na farda do suposto guarda. Gargamel moraria em uma favela do Jardim Santo André e teria uma Brasília azul. Na hora do crime, porém, ele estava em um Uno Preto e era acompanhado por homens em um Uno branco.

Os jovens foram mortos com vários tiros em um gramado que fica ao lado da quadra de esportes do Centro Comunitário, por volta das 19h30. Os corpos estavam a uma distância de cerca de 2 metros um do outro. “Eles foram executados”, afirmou a irmã de um deles.

Os quatro eram amigos desde pequenos e moravam na favela do Jardim Irene. Segundo os parentes, eles tinham ido até o centro comunitário para pintar uma faixa para um jogo de futebol que aconteceria ontem no bairro. Os rapazes integravam um dos times.

Segundo familiares, os quatro estavam desempregados, mas faziam um curso oferecido pela Prefeitura no Centro Comunitário, diariamente, a partir das 11h. Eles não souberam explicar qual era o curso. Michael era o único casado e tinha uma filha de 3 anos. Os três rapazes foram enterrados ontem à tarde no cemitério Curuçá, em Santo André.

Colaborou Ana Macchi




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