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Gabriel Villela estréia 'Gota D’Água' em São Paulo
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
08/09/2001 | 16:57
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A peça que tirou o sossego do diretor teatral Gabriel Villela, quando ele tinha 18 anos, é seu novo trabalho, que estréia na próxima sexta-feira, no Tom Brasil, em São Paulo. O musical Gota D’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, teve Bibi Ferreira no papel principal em 1975 e foi a segunda vez que Villela foi ao teatro. “Foi um dos maiores prazeres que tive na vida”, afirma o diretor.

A interpretação de Bibi e o espetáculo mexeram com Villela. “É como quando Medéia fala para Jasão: O que você vem xeretar aqui na minha terra?”, diz, utilizando as palavras e os personagens da própria trama. O acontecimento fez com que ele elegesse o profissional ator como seu parceiro de trabalho. “Eu estava diante do maravilhoso, do fantástico, versus uma realidade com a qual nunca me conformei”, afirma.

A versão da década de 70, época da ditadura militar, tinha, segundo o diretor, o enfoque do “jornalismo sensacionalista”. Agora, 26 anos depois, Villela faz uma releitura do espetáculo. “Os códigos são outros, o mundo mudou. Vivemos um estado democrático e um governo legítimo – no sentido literal da palavra”, diz.

Com um custo de R$ 1,1 milhão, Gota D’Água chega com figurino caprichado, assinado por Villela e Leopoldo Pacheco, e com o cenário de J.C. Serroni. Roupas de grife mescladas com a moda dos cortiços, tecidos ingleses e máscaras italianas são alguns detalhes do figurino. Os homens usam grinaldas, que têm o formato dos louros gregos: referências à dissolução do casamento e à mitologia grega.

Presente em vários setores durante a criação do espetáculo, Villela não absorve muito bem o título de diretor. “Sou um poeta da cena”, afirma. Em outros trabalhos, ele sempre se dedicou também à cenografia, mas deixou de lado desde a montagem da Ópera do Malandro, que também teve cenário de J.C. Serroni. “Mas eu queria que fosse o Serroni”, diz Villela.

Gota D’Água faz parte da trilogia que Villela realiza sobre a obra de Chico Buarque. As outras peças são Ópera do Malandro (1978) e Calabar (1973, com co-autoria de Ruy Guerra), ainda a ser produzida.

O elenco tem 16 atores da Cia. de Repertório Musical do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). Os personagens principais são interpretados pelos artistas convidados Jorge Emil e Cleide Queiroz. A direção musical é de Babaya, Ernani Maletta e Fernando Muzzi, e a iluminação, de Guilherme Bonfatti.




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