Nos anos 1960, o escritor americano Richard Yates surpreendeu o mundo literário com um romance sobre um casal na faixa dos 30 anos que vive o conflito entre assumir sua vida adulta e perseguir os sonhos da juventude. Foram necessárias mais de quatro décadas para que essa história chegasse aos cinemas com "Foi Apenas um Sonho", que estreia nesta sexta-feira.

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Dirigido por Sam Mendes ("Beleza Americana"), o filme é protagonizado por Kate Winslet (mulher do diretor) e Leonardo DiCaprio, que voltam a interpretar um par romântico após o sucesso retumbante de Titanic (1997). Desta vez, no entanto, os dois vivem um casal na década de 1950 que já superou o período de paixão no relacionamento e que se questiona se fez a escolha certa por ter formado uma família.

No longa, DiCaprio é Frank Wheeler, um homem cujo idealismo da juventude foi substituído pela frustração de um emprego entediante na mesma firma em que seu pai trabalhava. Sua mulher April (Winslet), que sonhava em ser atriz, não está menos infeliz do que ele com a vida de dona-de-casa em um típico subúrbio americano, localizado na rua Revolutionary (ou Revolutionary Road, título da obra em inglês).

Com dois filhos, Frank e April já não se tratam bem há tempos, o que o leva a engatar um caso com uma colega de trabalho no dia de seu aniversário. Ao chegar em casa, porém, ele é surpreendido com uma proposta da esposa para que a família largue tudo e vá morar em Paris, abdicando da vida que está levando os dois à loucura.

Mesmo relutante no início, Frank acaba aceitando a ideia, e os dois começam a anunciar o plano para todos. Mas os eventos que virão em seguida os levarão a encarar a realidade da qual tentavam fugir. Para isso, contarão com personagens como o matemático John (Michael Shannon), filho de Helen (Kathy Bates), corretora que vendeu o imóvel a eles. Considerado louco por todos, ele é responsável pelos diálogos mais lúcidos de todo o filme.

Apesar de se passar nos anos 50, a história de "Foi Apenas um Sonho" poderia muito bem ser transposta para hoje, mostrando que a obra de Yates continua atual. Pelo longa, Kate Winslet ganhou um Globo de Ouro como melhor atriz dramática. Já para o Oscar, o drama ganhou três indicações, incluindo a de melhor ator coadjuvante para Michael Shannon.