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Árbitra rouba a cena no Paulista
Edélcio Cândido
Do Diário do Grande ABC
15/02/2003 | 21:22
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Esqueça Kaká, Ricardinho ou Rogério Ceni. A estrela que chamou a atenção na partida entre São Paulo e Portuguesa Santista domingo passado num Morumbi com cerca de 18 mil pagantes era simplesmente uma mulher. Dona de preparo físico irrepreensível, ela comandou o espetáculo com invejável naturalidade. No gramado, em meio a inúmeros atentos jornalistas, vestida com um uniforme que combinava bermuda escura e camiseta amarela, a árbitra Sílvia Regina de Oliveira, 38 anos, estava tranqüila. Mostrou fôlego, acompanhou as jogadas de perto e apitou o jogo sem problemas. Ela encarou com competência os momentos mais difíceis, como no pênalti cometido pelo lateral Nelsinho, da Santista, e não titubeou em dar uma dura nos jogadores, em especial no goleiro Rogério Ceni, que não parava de reclamar.

Dona de personalidade forte, Sílvia não se incomodou com os lances polêmicos, que deixaram dúvidas no ar. “Apito com convicção. Se errar, eu assumo. É cômodo assistir à jogada 50 vezes na televisão e depois opinar. Quero ver é acertar ao marcar um pênalti ou um impedimento com a bola em movimento”, diz Sílvia, divorciada há três anos e apaixonada por futebol desde os 14. Enquanto seu pai torcia pelo Juventus e acompanhava os jogos do Moleque Travesso pelo rádio, ela ouvia, atenta, as narrações e os comentários.

Mas foi depois de apitar jogos amadores em 1997 que Sílvia foi convidada a apitar alguns jogos da Paulistana, o estadual feminino. Ela é formada em Educação Física pela Fefisa (Faculdade de Educação Física de Santo André) e tem orgulho de abraçar uma carreira que muitos homens sequer teriam coragem de escolher.

Nascida em Mauá, Sílvia viveu a infância em Santo André, onde reside até hoje. Professora de educação física nas escolinhas da Prefeitura, ela renovou pelo terceiro ano o escudo de árbitra da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). No Brasil, existem apenas quatro árbitras: além de Sílvia, Maria Edilene, de Pernambuco; Sueli Tortura, do Paraná; e Shirlei Cândido, do Paraná. Seu sonho? Apitar na próxima Copa do Mundo, em 2006, na Alemanha. “Estou preparada”, diz.

Nada de posar nua – Depois das incontáveis entrevistas no day after do jogo contra o São Paulo, Sílvia voltou à rotina de treinamentos na pista de atletismo do estádio Bruno Daniel. Vaidosa, ela sabe muito bem separar o desafio dos campos e a vida pessoal. Para ressaltar a beleza natural, a receita inclui vestidos leves, sapatos de salto alto, perfumes caros e cremes para enfrentar o calor.

“Apito jogos há anos no Paulista e sempre desperto a atenção do público masculino. Mas nada disso mexe com a minha cabeça e não aceitaria posar nua para nenhuma revista. Não é a minha praia. Não é compatível com a minha profissão”, afirmou a árbitra, fã de Paulo Cesar de Oliveira. O melhor ano da vida de Sílvia foi o de 2001: ela apitou a abertura do Paulistão, entre São Paulo e Mogi Mirim, e recebeu pela primeira vez a honraria de ser membro do quadro de árbitras da Fifa.




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