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Volume da Represa Billings assusta moradores da região
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
26/01/2010 | 08:15
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Morar na beira da Represa Billings atualmente apavora os habitantes do local. Com o aumento no volume de água no reservatório, algumas casas dos bairros Eldorado, em Diadema, e Alvarenga, em São Bernardo, estão agora a apenas dois metros das margens, que se aproximam dia a dia. A situação deixa os moradores com medo de enchentes, da perda de bens materiais e da própria vida.

A cheia na Billings mudou a paisagem e criou até uma cachoeira na Serra do Mar. Alguns campos de futebol foram alagados. As pessoas que circulam nas avenidas Nossa Senhora dos Navegantes (Diadema) e Alvarenga (São Bernardo) conseguem ver apenas partes das traves dos gols, além de pescadores, patos, garças e capivaras nos campinhos.

"Está muito perigoso ficar por aqui. Quando começa a chover, levo minha filha para a casa da minha sogra", contou Juliana Ribeiro Messias, 17 anos, que mora no Alvarenga. "O rio estava a mais de 100 metros de casa. Agora, cada chuva me deixa mais assustada", contou, apontando as margens da represa, que agora estão a menos de dois metros de sua residência.

Na tarde de sábado, a Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), autarquia que controla a Billings, começou uma operação - com autorização judicial - para baixar o nível das águas.

Uma comporta de segurança do Rio das Pedras foi aberta para dar vazão a quatro bilhões de litros de água, que representa a redução de cinco centímetros por dia no nível da represa - ontem com 105,4% da sua capacidade. A atitude fez com que o Rio Cubatão, na Baixada Santista, chegasse a 2,8 metros de profundidade.

A Emae foi procurada na tarde de ontem para comentar o assunto, mas, pelo telefone, funcionários informaram que não havia ninguém para responder ao Diário, por conta do feriado municipal em São Paulo.

Restaurante serve refeições para cliente de barco

O tradicional restaurante A Candeia, que fica nas margens da Represa Billings, no bairro Eldorado, em Diadema, serviu neste fim de semana, pela primeira vez em 28 anos de funcionamento, um cliente que chegou de barco para comprar comida para viagem.

"Fazia 15 anos que não enchia desde jeito. (A cheia) até assustou a gente. Mas ainda estamos tranquilos", disse o proprietário, Jesus Parrado, 71 anos. "A entrega de barco vai entrar para a história, mas com tanta chuva, não tem como não encher", contou Lina Parrado, 58.

Com a cheia do reservatório, as águas invadiram um campo de futebol que fica no fundo do estabelecimento e pertence à ONG Rede Cultural Beija-Flor. E moradores do bairro utilizam o espaço para garantir uma mistura a mais nas refeições.

É o caso do ajudante geral Paulo Rogério Rocha, 40, que passou a tarde de ontem jogando tarrafa e pescando com vara, na companhia do filho de 4 anos, no campinho alagado. "A cheia para a gente é ótima. Está faltando uns peixinhos, mas tem gente que já pescou algumas coisinhas."

A professora de Artes da ONG, Ordalina Candido Felipe, 46, teme que as águas cheguem a invadir a sede, já que as margens da represa estão a menos de cinco metros do local. "A gente fica preocupado porque não sabe até onde vai. A chuva não quer parar. Com o campo submerso, as crianças vão ficar sem atividades", comentou Ordalina.

Procissão pelas águas da santa dos navegantes acontece dia 7

A cheia da Represa Billings não deve atrapalhar a realização da 16ª procissão em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes pelas águas do reservatório.

A festa para a padroeira dos pescadores vai ter início na Prainha do Riacho Grande, em São Bernardo, e chegará até Diadema, dia 7.

O porto de desembarque, ainda não foi definido pelos organizadores, por causa do aumento das águas na região, será nas proximidades da igreja matriz Nossa Senhora dos Navegantes, no bairro de Eldorado, em Diadema.

"Se ela (a santa) é a padroeira das águas, nós não vamos ter medo de chuva", disse o padre Odair Angelo Agostim, 57.

"A única alteração que vamos fazer é cortar o mastro da escuna que vai levar a imagem da santa, porque a represa subiu três metros na altura do Viaduto da Imigrantes", contou o padre.




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