O Petrolão é uma história trágica: mostra como uma empresa de renome mundial pode ser capturada por dentro (lembra do filme Aliens?) e sugada até desidratar-se, sob o olhar benevolente de quem deveria estar tomando conta dela.
O Petrolão é uma história trágica: mostra como uma empresa de renome mundial pode ser capturada por dentro (lembra do filme Aliens?) e sugada até desidratar-se, sob o olhar benevolente de quem deveria estar tomando conta dela.
Mas pior que o Petrolão, pior que a corrupção, é a incompetência. E a incompetência que prejudicou pesadamente a Petrobras foi gerada fora da empresa. Quem obrigou a Petrobras a comprar petróleo caro no Exterior, e vendê-lo aqui mais barato, não foi nenhum diretor da empresa: foi o governo. Foi o governo que, por conta do pré-sal, sufocou uma área em que o Brasil era líder mundial, a do álcool e biocombustíveis renováveis, menos poluentes e produzidos aqui mesmo, gerando empregos aqui, aqui gerando investimentos. Segurar o preço da gasolina, para fingir que andar de carro era barato e ajudar as multinacionais automobilísticas, quebrou as usinas, paralisou as pesquisas e incentivou a poluição.
E há um caso emblemático, a Refinaria Abreu e Lima. O governo brasileiro mandou construí-la a pedido de Hugo Chávez, para refinar petróleo venezuelano, mais pesado. E, para agradar mais rapidamente ao ‘amigo-Chávez-de-todas-as-horas’, optou por não perder muito tempo com o projeto. Como disse Paulo Roberto Costa, hoje delator premiado, o cálculo do custo foi feito em papel de padaria. E Chávez, sócio da Abreu e Lima (nome, aliás, escolhido por ele, de um general brasileiro que lutou ao lado de Bolívar), não botou um centavo nela.
Sem a incompetência, a ladroeira seria incapaz de provocar tanto dano.
Por falar...
A presidente Dilma Rousseff disse que não é preciso afastar Graça Foster, “porque a Petrobras e o governo não foram prejudicados”. O governo é acionista majoritário da Petrobras. Neste ano, as ações da empresa caíram algo como 35%.
...no assunto
O advogado Décio Pedroso nota semelhança entre o Petrolão e filme antigo, da mesma temática, daqueles ambientados em Chicago, década de 1920. A companheira Graça é ferida, os inimigos se aproximam. Surge no cenário sedã negro em alta velocidade, fazendo a curva em duas rodas. A companheira Dilma abre a porta do carro e recolhe a companheira Graça. Não se abandona aliado ferido, principalmente quando o aliado só ficará em silêncio se quiser.
A insistenta
Como diria Dilma, é de estarrecer sua intenção de consultar o Ministério Público antes de nomear qualquer ministro. E por vários motivos: primeiro, porque quem comanda o governo é a presidente, não o procurador-geral da República. Segundo, porque o Ministério Público não é órgão de assessoria. Terceiro, porque a presidente tem, para assessorá-la, a Agência Brasileira de Inteligência, Abin, com agentes especializados, que deveria mantê-la informada sobre quem é quem.
E, por último, não precisava ter passado pelo vexame de levar um contra do procurador-geral Rodrigo Janot. Nem de tomar uma aula do ministro aposentado Joaquim Barbosa. “Há sinais claros de que a chefe do Estado brasileiro não dispõe de pessoas minimamente lúcidas para aconselhá-la em situações de crise (...) Ministério Público é órgão de contenção do poder político. Existe para controlar-lhe os desvios, investigá-lo, não para assessorá-lo.”
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