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A disputa que não existe

É bastante singular e, de certa forma até anacrônica, a polarização que se instala em segmentos da opinião pública brasileira toda vez em que há troca da equipe econômica

Do Diário do Grande ABC
22/12/2014 | 08:02
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Artigo

É bastante singular e, de certa forma até anacrônica, a polarização que se instala em segmentos da opinião pública brasileira toda vez em que há troca da equipe econômica. A simples mudança sugere suposta divisão ou disputa entre defensores da qualidade no gasto público, de metas fiscais rígidas e controle da inflação, os chamados ‘liberais’ ou ‘ortodoxos’, e aqueles que supostamente teriam linha mais ‘desenvolvimentista’, por apoiar o estímulo às atividades econômicas através da injeção direta de recursos do Estado na economia, por serem mais tolerantes em relação a deficits governamentais, endividamento e até mesmo inflação.

Essa disputa é típica da retórica das décadas de 1960-1970. Hoje essa polarização já não se aplica à realidade global, nem à realidade brasileira. Ela de fato não existe. Os últimos avanços na área de desenvolvimento no mundo demonstram que o que acontece de mais efetivo é a combinação de governo responsável com as contas públicas e competente na execução de políticas de desenvolvimento, principalmente com coordenação e agenda local e regional, com ações de gestão estratégica de desenvolvimento e melhoria efetiva do ambiente de negócios, da infraestrutura e do capital intelectual, incluindo empreendedorismo. Não existe geração espontânea de ‘emprego e renda’, e sim a criação de ambiente próprio para o desenvolvimento e a produção, na indústria, agricultura e serviços, que geram esses empregos e fomentam novos negócios.

A evolução nas instituições governamentais dá condição para que governos utilizem o seu potencial regulador para viabilizar investimentos privados em iniciativas de interesse público, sem que haja necessidade de injeção direta de recursos provenientes de impostos e taxas governamentais. Exemplos recentes são os aeroportos de Brasília, Rio de Janeiro e Viracopos, em Campinas, e parte das estradas federais.

Maior permissividade no controle das contas públicas e nos gastos com custeio pode levar à perda de confiança, recessão e inflação. Tudo isso diminui e corrói o padrão de vida da população, especialmente dos mais pobres, e não tem nada a ver com desenvolvimento. Por outro lado, a austeridade fiscal permite ao governo aplicar seus recursos com mais foco. Não implica recessão, ou medida antidesenvolvimento. Promove a produtividade ao País.

A gestão econômica de uma nação é assunto para profissionais.

Gustavo Grisa é economista e especialista do Instituto Millenium.

Palavra do leitor

Boas-Festas
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Diplomáticas
Parabéns ao papa. Parabéns a Obama. E, principalmente, parabéns a Raul Castro, que reconheceu que o regime ditatorial imposto por ele e seu irmão Fidel ao povo cubano levou seu país a atraso tecnológico, social e econômico de mais de 50 anos. Esperamos que esse seja o primeiro passo para a volta da democracia aos cubanos e que a ilha saia do ostracismo mundial.
Vanderlei A. Retondo
Santo André

Democracia
De janeiro a maio tudo que você, trabalhador, recebe de salário, vai direto para o Imposto de Renda. Você fica só com o resto. Trabalha 12 meses e recebe apenas sete. Mas não para aí, não. Esse resto não é seu. Dele você paga muito, mas muito imposto mesmo, sobre tudo que possui, usa e consome. E que retorno você tem? Paga luz, água, esgoto, telefone, escola particular, plano de saúde, seguro do carro, transporte ruim... E tudo com impostos. Se usa o carro para trabalhar, paga gasolina cara, de má qualidade, estacionamentos, pedágios... E tudo com impostos. Você vive preso em casa e os bandidos, soltos, queimam ônibus, explodem bancos, matam policiais... Alguém toma providência? Toma nada! Bandido é fonte de renda para muita gente ‘importante’ no País. E o indulto de Natal vem aí. Com os militares no poder não seria assim. Você toma remédio? Tem imposto aí. Não é incrível pagar imposto para sarar? Até para fazer caridade você paga imposto. É brincadeira? Pagar imposto para fazer o bem? Do cigarro e das multas de trânsito eu nem falo, mas você gosta de cerveja? Nela o governo leva mais que o fabricante e o dono do buteco juntos. E olha que eles já pagaram impostos também! E para onde vai o dinheiro?
Nilson Martins Altran
São Caetano

LulaBras
Como poderemos dar voto de nexo saudável em tamanha resistência de Dilma e o verdadeiro mandatário do Brasil, o ex-presidente Lula, diante da teimosia agressiva em manterem nos cargos pessoas sob suspeitas diante de tantos fatos e documentos comprobatórios. Onde estão os senadores, deputados federais e estaduais, os vereadores? Onde estão os governadores, os movimentos sociais, que não formam frente de moralização em prol do País? Isso não é hora de falar de Graça Fortes e diretores, sob o umbigo próprio, tampouco de posições partidárias. A Petrobras está sendo estuprada pelo Estado leviano do ‘deixa para lá’, onde todos os efluentes correm para o mar morto do esquecimento de mais uma das maracutaias político-palacianas e com a cumplicidade imperdoável dos omissos. Nicolau Maquiavel para aprender política no Brasil teria que entrar em nosso falido Mobral, e com pouquíssimas chances de média mínima para sua aprovação.
Cecél Garcia
Santo André

Apertem os cintos
É como se previa, o governo já prepara a volta da CPMF e do Cide. Não se iludam, vem muito mais por aí, pois alguém tem que pagar a conta e o povo é sempre o eleito para isso. Ao invés de obrigar todos os corruptos que roubaram o Brasil – tal como os envolvidos no Petrolão, Passadena, Mensalão, porcentagem das proprinas entregues ao PT, PMDB, PP etc – a devolver aos cofres públicos, procuram avançar no bolso do povo. E toda aquela dinheirama que foi roubada do erário não volta mais. É o cúmulo da pouca vergonha, da desfaçatez e da chacina de um povo que não merece tantas humilhações, tanta covardia. Houve tempos em que havia pessoas que davam até a própria vida pela Pátria. Hoje, tem cidadãos que sentem vergonha de ser brasileiros. E quando se pensda que terminou, eis que surgem outras sujeiras mais cabeludas e tudo ocorre nas barbas dos maiores mandatários do País, mas eles ‘nada veem, nada sabem’. Depois descobre-se que seus partidos levam porcentagens sobre o roubo do erário e das propinas. Deus nos acuda! Sempre discordei do Pelé quando dizia que o povo brasileiro não sabia votar. Hoje, tenho de concordar com ele, uma vez que essa é verdadeira profecia.
Flávio Fernandes
São Caetano

Perplexo
Fiquei perplexo com a manifestação da leitora Thelma Ribeiro (Orando, dia 18). A missivista critica Siraque, Suplicy e Alexandre Padilha, que possuem décadas de vida pública sem nunca terem sofrido sequer uma acusação que os desabonasse, o que, para os padrões brasileiros, lhes dá atestado de probidade. Em sua crítica, a leitora não menciona ninguém que tenha se desviado de seus princípios éticos ou que não tenha condições de exercer mandato popular. Por que não fala de Maluf, do folclórico Tiririca, do preconceituoso Feliciano e de tantos outros que poderiam ilustrar sua indignação? Haja contradição. Para coroar seus paradoxos, e me deixar ainda mais indignado, ela apela para o espírito religioso, dizendo que está ‘orando’ e clama ‘livrai-nos do mal, amém’. Por favor, não vamos usar a fé das pessoas que creem para esse tipo de politicagem. Infelizmente, esse tipo de apelação está muito presente no nosso dia a dia.
Carlos Augusto de Campos
Santo André 




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