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2015 à sombra do desemprego
Carlos Boschetti
18/12/2014 | 07:23
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O ano de 2015 nem começou e já estamos mais uma vez sendo ameaçados pelo risco do desemprego. As empresas estão com seus estoques abarrotados e com baixas perspectivas de recuperação a curto e médio prazo. A redução do consumo foi dramática, a cadeia de suprimento está paralisada, o comércio reduziu os pedidos para o Natal e os empregos temporários, tão tradicionais nesta época do ano, também foram reduzidos pelo risco de baixas vendas. As negociações entre sindicatos e empresas indicam um cenário pessimista, com a situação financeira fragilizada. As companhias estão revendo suas posições e não estão propondo os tradicionais ganhos salariais acima da inflação, pois, segundo os empresários, não é possível voltar aos tempos da indexação dos salários.

A saída encontrada é transformar possíveis ganhos em bônus para não ter impacto no poder aquisitivo e na renda dos colaboradores. Assim, o valor também não é incorporado ao salário base, para não aumentar o custo da folha de pagamento com os encargos sociais.

O mais dramático é o setor industrial, que continuamente reduz os quadros de funcionários, o que, para o mercado, gera uma reação em cadeia no supply chain (cadeia de suprimento), mais conhecida como efeito dominó. Cada funcionário demitido na indústria automobilística gera demissões de até sete empregados nas empresas fornecedoras produtivas e de serviços.

Segundo a Anfavea, foram fechados até novembro deste ano mais de 12 mil postos de trabalho no setor, devido à queda nas vendas no mercado doméstico e cancelamento de pedidos de exportação.

As incertezas e a falta de credibilidade nos cenários macroeconômicos mais uma vez paralisaram os investimentos. A promessa da nova equipe econômica de controlar as contas públicas e gerar superavit fiscal para pagamento dos juros da dívida, além de reorganizar os gastos com despesas recorrentes e a estratégia de renúncia irão impactar diretamente o mercado com aumento de preços, elevando a inflação, reduzindo o consumo e consequentemente diminuindo a produção.

A única perspectiva de curto prazo é a valorização do dólar no mercado mundial e o enfraquecimento do real, que poderá favorecer os setores exportadores, aliviando a pressão sobre alguns segmentos da indústria local.

O processo de desindustrialização do país continua acelerado. As importações estão crescendo e abastecendo o mercado com produtos com preços muito competitivos, apesar de uma qualidade questionável. Hoje, muitos empresários transferiram suas indústrias para a China e utilizam as antigas instalações de parque de máquinas em centros de logística e depósito de distribuição que abastecem os canais de vendas ao varejo. Cada dia que passa, os rumores de redução de pessoal crescem nos corredores das empresas, aumentando a tensão entre os funcionários, sindicatos, empresários e todos que estão conectados nessa cadeia de valor do mercado. Determinados setores já sentem o impacto da retração das atividades econômicas. Esperamos que a história não se repita e que uma marolinha que se transformou em um tsunami não nos atinja com força total e acabe como uma tempestade tropical. 




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