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Cidade dos Meninos auxilia 525 crianças

Entidade no Parque Novo Oratório, em Santo André, atua na educação dos pequenos

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
16/12/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


No Parque Novo Oratório, em Santo André, está localizada a Cidade dos Meninos, fundada há 54 anos. São 525 crianças carentes atendidas, com idades entre 4 meses a 14 anos. O espaço é mantido pelos freis da ordem franciscana da Igreja Católica. São 175 funcionários e 50 voluntários.

Para as crianças de até 4 anos, a Cidade dos Meninos funciona como creche. “Elas ficam aqui o dia inteiro, têm atividades pedagógicas, natação, educação física, dança, entre outras. Todas as refeições também são feitas aqui”, disse o responsável pelo departamento de comunicação, Rogério Braga.

Após entrar na idade escolar, os pequenos passam a frequentar o Centro da Juventude em meio período, no tempo em que não estão estudando. A única exigência é que as crianças estejam matriculadas na escola.

A última etapa é o Centro de Iniciação Profissional, que apresenta os jovens ao mercado de trabalho por meio de cursos gratuitos. As famílias se reúnem mensalmente com os funcionários para que haja o reconhecimento das necessidades dentro da casa da criança.

Além disso, o local também tem um centro direcionado para a terceira idade. “São cerca de 200 idosos da região que têm aulas de inglês, informática, artesanato, entre outros. O nosso principal objetivo é tirar essas pessoas de dentro de casa”, explicou a coordenadora Irene Inoui.

A entidade, que é conhecida em todo o município, sendo inclusive homenageada ao nomear o parque do bairro, tem uma longa fila de espera. Atualmente são 800 pequenos aguardando por uma vaga. “Nosso critério não é por ordem de chegada. Avaliamos toda a questão socioeconômica e a necessidade de cada criança”, afirmou o responsável pela comunicação.

Para ajudar na realização do trabalho, a entidade mantém uma academia, com a renda totalmente revertida para o projeto. O local conta atualmente com 2.200 alunos ativos.

Além disso, no prazo de dois meses, a estrutura de uma quadra para futebol society tem previsão de ser inaugurada. O valor do aluguel também será totalmente revertido para a entidade. “Nosso principal objetivo é que a criança pobre consiga ter as mesmas oportunidades daquela que nasceu rica”, finalizou Braga.

EQUOTERAPIA

O local também conta com estrutura onde é ministrada equoterapia para crianças com determinados tipos de deficiência física ou cognitiva. O local realiza 160 atendimentos mensalmente.

Conforme explicou a fisioterapeuta responsável pelo Centro de Reabilitação, Rosangela Gonçalves, é trabalhada principalmente a aproximação com o cavalo, o que estimula as crianças. “Além de montar nos animais, desenvolvemos o vínculo entre eles e as crianças. O paciente vai ajudar com a alimentação do equino, aprender a escová-lo e dar carinho”, disse.

A empresária Elaine dos Santos, 46, mãe do pequeno Murilo, que tem 2 anos e é portador da síndrome de Down, diz que os resultados são visíveis. “Ele está fazendo equoterapia há um mês. Já sinto que os músculos estão mais firmes.”

O valor pago é revertido para a manutenção do centro de reabilitação.

Jovem com paralisia cerebral atua na recepção do espaço

Johnny Gusmão de Carvalho, 21 anos, pega todos os dias dois ônibus para chegar ao trabalho. Ele é recepcionista da Cidade dos Meninos e mora no bairro Camilópolis, em Santo André.

O jovem é portador de paralisia cerebral que afetou sua movimentação, porém, não tem dificuldades para exercer suas funções. “Comecei a fazer equoterapia aqui com 15 anos. Me ofereceram um curso de administração e, então, há um ano, me contrataram.”

Ele é responsável por fazer serviços de design gráfico, como calendários e tabelas. Além disso, também realiza o primeiro atendimento para os visitantes da entidade.

Disposição é o que não falta para o corintiano, que faz questão de chegar uma hora mais cedo para frequentar a academia. “Cresci aqui, considero como se fosse a minha família. Quero continuar trabalhando na entidade por muito tempo.”

Padeiro entrega pão nas casas do bairro

A partir das 16h, é possível escutar pelas ruas do Parque Novo Oratório uma buzina insistente. É o chamado padeiro delivery, serviço feito por Reginaldo Soares Ferreira, 21 anos, conhecido pelos moradores como Mineiro.

Todos os dias ele faz a ronda pelas ruas do bairro com duas cestas abastecidas de pães. Além do tradicional tipo francês, vendido a R$ 0,30 cada um, há broas de milho, pães doces, roscas, pão de frios, pão de leite e sonhos.

Ferreira é natural de Bom Jesus de Rio Preto, no interior de Minas Gerais. Conforme ele explica, chegou em São Paulo há quatro anos em busca de oportunidades de emprego.

“Vim para trabalhar. Tem muitos padeiros na minha família e até mesmo muitos amigos meus atuam na profissão, mas nunca tinha aprendido a fazer pão, tive que vir para cá para fazer tudo isso”, contou.

Morador do bairro Sapopemba, na Capital, tentou vender os pães por lá, mas já havia concorrentes. “Como tinham motoboys que faziam isso, resolvi procurar uma região em que eu fosse o único.”

Foi em Santo André que ele encontrou a exclusividade. “Estou há um ano e meio no Parque Novo Oratório e conquistei clientela fiel. O pessoal já sabe a hora em que passo. Hoje vendo aproximadamente 300 pães por dia”, comemorou.

Com o aumento da mão de obra, ele resolveu terceirizar o serviço. Compra os alimentos de uma padaria em Guaianazes, que os entrega em sua própria casa. Depois os transporta em sua moto até Santo André.

Casado desde setembro, ele relatou que atualmente não pensa em sair do local de trabalho, muito menos voltar para Minas. “É muito tranquilo aqui, gosto demais do que faço.”

Lavadeira monta negócio próprio

A moradora Roseli Maria da Silva da Cruz, 43 anos, sempre trabalhou no ramo da lavanderia. Há mais de dez anos lavando a roupa da vizinhança em casa para complementar a renda, ela conseguiu montar seu próprio negócio há cerca de um ano.

A Lavanderia Lav Nova fica na Avenida das Nações e conta com todo o capricho e atendimento pessoal de Roseli. “O primeiro emprego que arrumei foi em uma rede de lavanderias. Comecei com um cargo baixo e fui subindo, isso porque o gerente teve paciência e me ensinou o serviço”, afirmou.

Foi na mesma época que ela começou a passar e lavar roupa em casa. Após juntar dinheiro, com muito esforço, conseguiu montar negócio no próprio bairro.

“Você vai aprimorando aos poucos e, quando vê, quer ser o seu patrão. Aqui faço meu horário, além de oferecer serviços personalizados, como o delivery, em que vou buscar as peças na casa do cliente”, disse.

Para agradar todos os tipos de pessoas, ela lava mais que peças de roupa. Higieniza bichos de pelúcia, o que remove mofo e bactérias, e oferece limpeza a domicílio em sofás e estofados, sendo que esse último serviço é terceirizado para uma empresa especializada.

Ela comemora o aumento de serviço no fim do ano. “É algo muito instável, porém, próximo às festas, as pessoas acabam mandando mais edredom e cortinas para lavar, por exemplo. Os vestidos de festa também”, relatou.

Questionada sobre a profissão, ela deixa claro que faz questão de ser chamada de lavadeira. “Foi o meu primeiro emprego com carteira assinada, e com muito orgulho. É o que sei fazer. Se tudo der errado, volto a lavar e passar sem problema nenhum.”
 




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